terça-feira, 1 de novembro de 2011

MPF instaura inquérito para investigar em MS demora na demarcação de terra indígena

A resistência à demarcação das terras indígenas Guarani Kaiowá na região Cone Sul de Mato Grosso do Sul, com graves conflitos judiciais, motivou a instauração de um inquérito civil público pelo Ministério Público Federal nesta segunda-feira (31). A intenção é acelerar o processo.

O procurador da República Thiago dos Santos Luz, que assina a portaria, alega que a iniciativa leva em conta a função institucional do MPF de "promover a defesa dos bens e interesses individuais indisponíveis, difusos e coletivos das comunidades indígenas".

O MPF aponta na portaria a tentativa de soluções extrajudiciais, especialmente nas situações envolvendo pequenos colonos, suscetíveis de reassentamento em outros imóveis rurais como forma de minimizar o "elevado grau de litigiosidade desses conflitos".

"São reconhecidos aos índios os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam e que o processo administrativo demarcatório a cargo da União ostenta natureza meramente declaratória de situação pré-existente", considerou o procurador.

De acordo com ele, as demarcações das terras indígenas na região Cone Sul têm sofrido forte resistência, "o que vem gerando a eternização dos conflitos, especialmente na esfera judicial, em notório prejuízo aos direitos fundamentais dos índios".

Após as investigações, o Ministério Público pode tomar medidas medidas judiciais ou extrajudiciais, como a expedição de recomendação legal ou celebração de compromisso de ajustamento de conduta.

No procedimento administrativo que deu origem ao inquérito civil público já se encerrou o prazo total de 180 dias para diligências iniciais. Com os dados levantados, o MPF quer agora, no inquérito, investigar como está se dando a coordenação de esforços entre MDA, INCRA, FUNAI, indígenas e pequenos colonos (Associações AMAM, APLUM e AMPRI) para o reassentamento dos pequenos produtores.

O técnico administrativo Jorge Daniel Delgado Jara, foi nomeado como secretário do Inquérito. A Funai será oficiada para informar qual a situação atual da área adquirida pelas Associações AMAM, APLUM e AMPRI em parte da terra indígena Jatayvari (Lima Campo), em Ponta Porã, a 346 quilômetros de Campo Grande.

O MPF quer saber quem são os atuais possuidores, a forma de exploração da terra e a disposição dos colonos em deixar a área.

Além disso, serão requeridas do Departamento de Crédito Fundiário do MDA informações atualizadas sobre as providências tomadas para reassentamento dos pequenos agricultores das Associações AMAM, APLUM e AMPRI em outra área, além das medidas para responsabilizar o vendedor Paulo Roberto Massayoshi Kimura, envolvido no processo de desapossamento das áreas adquiridas.


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