sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Copai participa do IV Fórum de Educação Escolar Indígena de Mato Grosso do Sul

A Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da OAB/MS participa nesta quinta-feira, 29 de setembro do IV Fórum de Educação Escolar Indígena de Mato Grosso do Sul, que acontece no Complexo Esportivo Parque Jaques da Luz, localizado no Conjunto Habitacional Moreninha III, com início às 19h30min.

O fórum é realizado pela Organização de Professores Indígenas de MS-FEIMS em parceria com o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos Indígenas de CG/MS-CMDDI, Aty Guasu de Lideranças Guarani/Kaiowá, Comissão de Professores Guarani/Kaiowá, Comissão de Professores Indígenas de Miranda e Associação dos Professores Indígenas da Aldeia Limão Verde/Aquidauana.

Entre os assuntos em pauta está a implementação das escolas indígenas do Ensino Fundamental e Médio nas cidades do Estado, visando a valorização e incentivo de um ensino com idioma bilíngüe.

“A Copai estará presente no Fórum para incentivar e valorizar a cultura indígena, que assim como qualquer outra etnia possui direitos garantidos pela Constituição”, afirma a presidente da Comissão Sâmia Roges Barbieri.

O evento terá continuidade nos dias 30 e 1º de outubro.



Fonte:
29 de setembro de 2011 • 17h53

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mais um integrante da comunidade de Y’poi é barbaramente assassinado.

Ontem (28/09) por volta da 19h Teodoro Ricardi, 25 ao retornar da cidade de Paranhos para a comunidade de Y’poi, foi barbaramente atacado e espancado por homens.

Encontrado pelos familiares, Teodoro foi levado para sua casa no acampamento Y’poi, onde mora com sua esposa e 5 filhos, algumas horas depois não resistindo ao ferimentos veio a falecer.

Os familiares que encontraram Teodoro, afirmam que chegaram a tempo de ver os agressores e reconheceram que se tratava de pistoleiros, que diariamente fazem cerco a comunidade, da então chamada fazenda São Luiz em Paranhos.



Y’poi: tortura, desaparecimento e assassinatos.

Teodoro Ricardi era primo de Genilvado Vera e Rolindo Vera, professores assassinados em agosto de 2009. O corpo de Genilvado foi encontrado 10 dias depois no riacho Y’poi com marcas da tortura que sofreu antes ser morto. Já o corpo do professor Rolindo Vera até hoje não foi encontrado.

Os familiares de Genivaldo e Rolindo Vera retornaram em agosto de 2010 para seu Tekoha Y’poi. Motivados principalmente pela busca do corpo de Rolindo.

Segundo o próprio fazendeiro, em depoimento a justiça, os Guaranis Nhandeva de Y’poi foram expulso há mais de 28 anos de seu Tekoha quando estes “trabalhavam” para o seu pai.

Em novembro de 2010, a justiça permitiu a permanência da comunidade em seu Tekoha até que a Funai conclua os estudos de identificação das terras Kaiowá Guarani, previsto no TAC. No entanto, a comunidade é obrigada a conviver diariamente com pistoleiros que a cercam e com o isolamento já que somente a Funai e a Sesai podem entrar na área, o que vezes é sujeita a vontade do fazendeiro.



Fonte:
Informação da CPT/MS

PF vai investigar se morte de índio está relacionada à disputa por terra

Jovem morador de acampamento guarani-caiuá morreu esta madrugada. Comunidade diz que foi espancado


A Polícia Federal foi acionada pelo MPF (Ministério Público Federal) para investigar se a morte do índio guarani-caiuá Teodoro Ricardi, ocorrida esta madrugada, em Paranhos, está relacionada a conflito fundiário. O relato da comunidade onde ele vivia, em um acampamento na fazenda São Luis, é de que o indígena foi espancado por homens que o atacaram ontem à noite.

Além da Polícia Civil, que já está no local para investigar a morte, foi enviada uma equipe de policiais federais de Ponta Porã.

O caso também foi comunicado à direção da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Brasília, que está acompanhando as apurações. O coordenador da Fundação em Ponta Porã, Sílvio Raimundo da Silva, informou que uma equipe do órgão também foi enviada ao local, e ainda não tem informações precisas sobre o que ocorreu.

Para ele, ainda é prematuro falar em morte relacionada a conflito pela terra. “É para isso que a Polícia Federal está indo até o local".


Área em disputa -

O coordenador disse que pelas informações preliminares, o índio não foi espancado na área da fazenda São Luís, onde 70 famílias estão acampadas, à esperada da demarcação da terra, chamada de Y´poi, como indígena. A fazenda está em estudos, como parte dos levantamentos definidos no acordo prevendo a demarcação de terras remascentes dos índios na região Sul.

A permanência das famílias no local foi autorizada no ano passado pela Justiça. A decisão determinou, também, que os donos permitissem a entrada da Funai para atender a comunidade.

Segundo o coordenador da Funai em Ponta Porã, as visitas têm sido feitas quinzenalmente e os donos são informados. Segundo ele, embora as equipes enfrentem algumas dificuldades de acesso, como por exemplo porteiras fechadas, o calendário de visitas tem sido cumprido.

Na Polícia Civil, a informação dada esta manhã é de uma equipe foi ao local para as investigações da morte e ainda não havia voltado. O índio tem 25 anos, segundo o relato da comunidade.

O corpo dele foi recolhido e seria levado para Ponta Porã, para os exames necroscópicos.


Fonte:
28/09/2011 11h20

Dos 38 casos de índios assassinados no País, 27 aconteceram no Estado

De acordo com levantamento do Cimi (Conselho Indigenista Missionário de Mato Grosso do Sul), dos 38 casos de índios assassinados no Brasil em 2011, 27 aconteceram em Mato Grosso do Sul. O coordenador regional, Flávio Machado, informa que o Conselho está monitorando os casos e fazendo o levantamento anual.

O caso mais recente aconteceu na noite desta terça-feira (27), por volta das 19h. Teodoro Ricarte, de 25 anos, pai de cinco crianças, foi assassinado no caminho de volta entre a cidade de Paranhos e o acampamento Y’poi, dentro da fazenda São Luís.

Ele foi atacado por homens e espancado. A família da vítima chegou a socorrê-la, mas ela não resistiu aos ferimentos e morreu no acampamento. Teodoro é primo de um dos dois professores assassinados no acampamento em 2009.

A Funai (Fundação Nacional do Índio) de Ponta Porã encaminhou uma equipe ao local para apurar os fatos e acionou a polícia civil e federal.


Fonte:
28/09/2011 10:29

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

IV Fórum de Educação Escolar Indígena começa dia 29 em Campo Grande

No dia 29 de setembro a Câmara Municipal de Campo Grande sediará abertura do IV Fórum de Educação Escolar Indígena de Mato Grosso do Sul. Nos dias 30 e 1º de outubro o evento continua no Complexo Esportivo Parque Jaques da Luz, localizado no Conjunto Habitacional Moreninha III.

O fórum é realizado pela Organização de Professores Indígenas de MS-FEIMS em parceria com o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos Indígenas de CG/MS-CMDDI, Aty Guasu de Lideranças Guarani/Kaiowá, Comissão de Professores Guarani/Kaiowá, Comissão de Professores Indígenas de Miranda e Associação dos Professores Indígenas da Aldeia Limão Verde/Aquidauana.

No do dia 30 participam os professores Celinho Belizário, do município de Miranda e Renata Castelão, do município de Caarapó, para fazer avaliação da implementação das escolas indígenas do Ensino Fundamental e Médio nas cidades de Mato Grosso do Sul. Também serão discutidas estratégias para implementação das escolas estaduais indígenas nas aldeias indígenas e aldeias urbanas. Por fim, será discutido como retomar a criação do Conselho Estadual de Educação e demais órgãos ou comissões de controle social.

 

SOBRE O PROJETO REDE DE SABERES

O Projeto Rede de Saberes apoia a permanência de indígenas no ensino superior, atuando com recursos da Fundação Ford, por meio de parceria entre a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul de Aquidauana (UFMS). Porém, acadêmicos de outras universidades do estado também participam dos eventos promovidos pelo Rede de Saberes, que alcança assim mais de 600 indígenas universitários em MS. O Rede de Saberes estimula e orienta a iniciação científica, têm laboratórios de informática, oferece cursos de extensão, monitorias e auxilia na cópia e impressão de material. O coordenador geral é o professor da UCDB, Doutor em História, Antonio Brand.



Fontes:

http://www.rededesaberes.org/
http://www.neppi.org/

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Movimentos levam apoio a indígenas perante novas ameaças de despejo

Representantes de movimentos sociais levaram ontem sua solidariedade à comunidade indígena Laranjeira Nhanderu do Município de Rio Brilhante, devido à nova situação de iminente despejo que estariam sofrendo das terras que reclamam e ocupam.

A justiça tinha determinado a reintegração de posse, prazo que venceu ontem. Num primeiro momento caberia a FUNAI de Dourados fazer cumprir a ordem judicial através do “convencimento e do diálogo”.

Embora, por outro lado, o próprio órgão federal é obrigado a publicar o relatório antropológico que fora feito em cumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) determinado pelo Ministério Publico Federal, para esclarecer de uma vez se as terras reivindicadas, efetivamente, são ou não território tradicional dessa comunidade kaiowa-guarani. É a mesma situação de outras comunidades e povos no Mato Grosso do Sul.

Para dar apóio e solidariedade à reivindicação dos indígenas fizeram-se presentes ontem na área ocupada representantes das seguintes organizações: Conferencia dos Religiosos do Brasil (CRB), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC); Sindicato de Trabalhadores de Rio Brilhante, Comissão Pró Tribunal Popular da Terra, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), e representantes indígenas do Conselho Guarani do Aty Guasu.

Já vão quatro meses que os indígenas voltaram fazer a retomada da terra considerada tradicional ou de onde seus ancestrais foram expulsos em diferentes circunstancias e épocas. Antes da nova situação, o grupo de 160 pessoas –incluída uma grande quantidade de crianças- tinham permanecido um ano sete meses na beira da estrada da BR 163.

Nesse tempo eles agüentaram fome, enchentes, o ataque de todo tipo de doenças, teve caso de um suicídio e duas pessoas morreram atropeladas na BR. Antes deste tempo também as famílias já tinham permanecido um ano seis meses dentro da propriedade, quando pela primeira vez entraram em busca da recuperação de seu território tradicional.



“Elites e agronegócio”

Em relação à situação que estão suportando seus parentes indígenas a liderança Suzie Guarani, quem foi levar sua solidariedade ontem, indicou que a situação de abandono em Laranjeira Nhanderu, e no Estado de Mato Grosso do Sul dos povos indígenas, é reflexo do descaso e abandono da sociedade e dos governantes.

“È preciso acabar com este conflito; mas para isso o estado Brasileiro e o governo do Estado não podem seguir dando só privilégios para as elites e o agronegócio. É necessário dar um olhar especial para as classes mais carente do Estado e que seja aberta uma discussão sem discriminação e criminalização da luta indígena. Os indígenas merecem a dignidade de buscar uma solução ao problema de terra sem a morte de suas lideranças”, manifestou Suzie.

O grupo de Laranjeira Nhanderu, se mostrou confiado em que o relatório da FUNAI vai favorecer seus anseios e disseram que vão permanecer no lugar por acima das ameaças de despejo, amedrontamento e pressões que sofrem de todo tipo.



Fonte:
22/09/2011 09:22

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Feridos de Morte

Ônibus escolar lotado de crianças e adolescentes é atacado com coquetel molotov.

Idoso de 72 anos morre após receber golpes na cabeça e os agressores são absolvidos de homicídio. Criança de 9 anos comete suicídio. Outra, de apenas três, morre em consequência de desnutrição -no país que é um dos celeiros do mundo- e a atenção médica só chega na hora da morte.

Homens armados atacam 125 famílias, queimam suas casas feitas de lona e ferem-nos gravemente. Este último caso, longe de ser o primeiro, mas ocorrido no início deste mês, está sendo tratado pelo Ministério Público Federal como um genocídio.

Tudo isso aconteceu num único Estado, Mato Grosso do Sul. E todas as vítimas da violência foram índios da etnia guarani-kaiowá.

Eis a terrível rotina de desespero e impotência sofrida por essa população, em total abandono em pleno coração do Brasil. Se fatos como os relatados tivessem acontecido com não índios, provocariam comoção nacional, chegariam ao Congresso e gerariam algum plano governamental de urgência. Mas as vítimas em questão não têm vez nem voz, não geram muitos votos.

São só índios, como muitos brasileiros ainda os veem.

Suas desgraças chegaram a virar notícia em alguns jornais. Mas logo foram esquecidas.

A trágica realidade dos guarani-kaiowá tem piorado, até porque é tratada com incrível distanciamento pelos governos e pela sociedade. Centenas vivem em verdadeiros campos de refugiados, em reservas pequenas demais para o tamanho de sua população.

Outras centenas, entre as cercas das fazendas e à beira das estradas, vistos como resquícios indesejados de um Brasil do passado. São tratados como estrangeiros, num verdadeiro apartheid social.

Relatório da Survival Internacional para o Comitê para Eliminação da Discriminação Racial da ONU 2010, com dados de 2005, aponta que 90% deles sobrevivem com cestas básicas. A expectativa de vida é de cerca de 45 anos e o índice de suicício entre eles é 19 vezes mais alto que o nacional.

Os indígenas não estão sendo beneficiados pelo impressionante desenvolvimento do país. A eles deve ser estendido o mesmo empenho que retirou tantos milhões de brasileiros da miséria. E como?

Fazendo-os abandonar sua condição de indígenas? Não. Provendo-lhes terras e condições para suprir sua própria cultura e existência. Terras, há. Riqueza, também. Governo suficientemente capaz, também. O que falta? Empenho? Convicção?

Falta sentido de urgência, compromisso ético e político para estender a eles os clamores por direitos humanos? Ficará vivo algum dos guarani-kaiowá para testemunhar o Brasil potência que se erguerá sobre o fim do seu mundo?


Fonte:
Folha de São Paulo - Opinião
São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Marina Silva - escreve as sextas-feiras

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Usina de Sidrolândia é condenada em R$ 5 milhões por aliciamento de adolescentes indígenas

Sentença da Vara do Trabalho de Amambai condenou a Agrisul, conhecida como Usina Santa Olinda, a não mais contratar trabalhadores adolescentes e ao pagamento de dano moral coletivo no valor de R$ 5 milhões. Adolescente obrigado a trabalhar no corte de cana


Campo Grande (MS), 15/09/2011 – Sentença do juiz substituto da Vara do Trabalho de Amambai, Antonio Arraes Branco Avelino, condenou a empresa Agrisul Agrícola Ltda e a Companhia Brasileira de Açúcar e Álcool (CBAA) de Sidrolândia, conhecida como Usina Santa Olinda, ao pagamento de indenização por dano moral coletivo, no valor de R$ 5 milhões, e a não mais contratar trabalhadores adolescentes para o corte de cana.

A ação foi proposta pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) após constatação das irregularidades em operação realizada em novembro de 2009, nas aldeias indígenas Bororó, Panambizinho e Jaguapiru, no município de Dourados, na qual foram flagrados ônibus que transportavam adolescentes para o corte de cana na usina Santa Olinda, localizada no distrito de Quebra Coco, em Sidrolândia.

O ônibus circulava pelas aldeias recolhendo indígenas para trabalhar na usina. Na ocasião, o MPT identificou os adolescentes, que, para trabalhar, receberiam documentos de outras pessoas, maiores de 18 anos, fornecidos pelo cabeçante, responsável pela intermediação e fiscalização do trabalho dos outros indígenas.

A ação relata o caso de mortes de adolescentes indígenas decorrentes do trabalho ilegal no corte de cana-de-açúcar em usinas de Mato Grosso do Sul. Um desses adolescentes, então com 16 anos, obrigado a trabalhar contra a sua vontade, cometeu suicídio, atirando-se do ônibus que o levaria até a frente de trabalho. Em razão desses fatos, o MPT ajuizou ação, na qual pedia que as empresas passassem a identificar os indígenas para evitar a contratação de adolescentes de forma fraudulenta, por meio do uso de documentos de adultos.

Além da exploração do trabalho dos adolescentes indígenas, foram comprovadas irregularidades como atraso no pagamento de salários, jornadas de trabalho acima do permitido pela lei, não pagamento de rescisões contratuais e descumprimento de normas de segurança no trabalho. Também foi constatado que, em alguns casos, os pagamentos não eram feitos diretamente aos indígenas, mas aos donos de mercado, cabeçantes, capitães das aldeias ou aos familiares do trabalhador. O local de trabalho a que estavam submetidos os adolescentes oferecia riscos, como violência, drogas e bebidas.

De acordo com a sentença, o valor de R$ 5 milhões é necessário para servir de caráter punitivo-pedagógico para o comportamento da empresa. O juiz também determinou que a Fundação Abrinq, entidade civil voltada para os direitos das crianças e adolescentes da qual o presidente da empresa, José Pessoa Queiroz Bisneto, é sócio, seja informada da condenação.

Para a procuradora do Trabalho Cândice Gabriela Arosio, “a sentença é uma grande vitória no combate a exploração do trabalho infantil e de adolescentes, principalmente em atividades que estão relacionadas na lista das piores formas de trabalho. Ademais, a questão envolve os direitos da população indígena, que reiteradamente sofre com os efeitos da exclusão e da pobreza”.



Fonte: Ascom MPT / Mato Grosso do Sul
Mais Informações: (67) 3358-3034
Publicação: 15/09/2011

Última atualização: 15/09/2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

‘Caminhões de homens’ atacam brutalmente indígenas no Brasil

Os ataques têm forçado os Guarani a enfrentar o perigo de atravessar um rio usando apenas uma corda estreita para conseguir comida.

© MPF/Survival



A Survival International tem recebido notícias de que caminhões cheios de homens armados estão usando violência para forçar índios Guarani do Brasil a fugir de suas terras, temendo por suas vidas.

O antropólogo Tonico Benites disse à Survival: ‘O risco de vida é iminente. A qualquer momento, uma criança pode morrer'.

Benites relatou que seu tio ficou cego de um olho depois de um recente ataque contra as comunidades de Pyelito Kuê e M'barakai, no estado de Mato Grosso do Sul.

Os Guarani afetados pela violência descreveram que foram forçados a correr para garantir sua segurança, depois que tiveram suas barracas incendiadas, roupas queimadas, e famílias ameaçadas.

Um Guarani contou que ‘Faroletes e lanternas estão focando pra lá e cá, as crianças e idosos não conseguiram correr. Os meus olhos enlagrimando (sic) escrevi este fato. Quase não temos mais chance de sobreviver neste Brasil'.

Segundo informações, pistoleiros têm bloqueado estradas, destruído uma ponte que dá acesso aos índios e, assim, cercando os Guarani e impedindo a entrada de comida e assistência médica.


Os restos de uma barraca dos Guarani, incendiada durante um ataque de pistoleiros
 © MPF/Survival

Esse é apenas um de uma séria de ataques que vêm acontecendo contra este grupo de Guarani desde o início de agosto de 2011. Os ataques são respostas à tentativa dos índios de reocupar sua terra ancestral, roubada na década de 1970 e ocupada por fazendeiros.

Os Guarani também foram perseguidos em 2003 e 2009 quando tentaram reocupar sua terra ancestral.

O Diretor da Survival, Stephen Corry, disse: 'É chocante que os Guarani sejam repetidamente perseguidos por tentarem reocupar a terra que os pertence. O governo brasileiro deve atuar rapidamente, antes que mais vidas inocentes sejam perdidas'.

O governo do Brasil tem condenado os atos de violência. A Survival escreveu à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), pedindo para que medidas urgentes fossem tomadas para proteger os Guarani, e ao Ministério da Justiça do Brasil, urgindo para a demarcação de suas terras, como estabelecido na própria constituição brasileira.



Fonte:
Leia sobre esta historia na página Survival na internet (em inglês):


Para mais informações e imagens, por favor entre em contato com Sarah Shenker (em inglês ou português) no telefone (+44) (0)20 7687 8735 ou por email ss@survivalinternational.org
Survival International
6 Charterhouse Buildings
London EC1M 7ET
United Kingdom

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Seccional busca solução de consenso para disputa entre indígenas e proprietários rurais

Veículos de comunicação de Mato Grosso do Sul informam nesta segunda-feira, 12 de setembro, que há conflitos de terra em pelo menos dezessete Municípios do Estado. Nestes Municípios há 47 áreas de conflito. A grande questão é que as terras objeto de disputa são tidas como propriedade de etnias indígenas, o que legalmente as torna propriedade da União.

Os proprietários rurais dessas áreas, entretanto, alegam possuir títulos das terras, fato que lhes confere o direito de exigir indenização para restituí-las aos indígenas. Assim, está formado o conflito, para o qual a Ordem dos Advogados do Brasil/Seccional de Mato Grosso do Sul (OAB/MS) busca uma solução de consenso.

Para Lucas Aber, presidente da Comissão de Assuntos Agrários da OAB, “os advogados que militam nessa área de disputa de terras entre indígenas e produtores rurais estão entre a cruz e a espada. Pois a União alienou as terras”.

Segundo ele “o grande divisor de águas foi o caso Raposa Serra do Sol, uma área gigantesca situada em Roraima, onde aconteceram várias mortes de indígenas e brancos, por essa disputa. Nessa época o STF tomou a decisão final e deixou claro que todas as propriedades de imóveis rurais com escritura pública desde 1988 seriam dos proprietários. Mas a lei deixou em aberto a decisão final: cada juiz teria por si a decisão que lhe achasse mais correta, conveniente. Portanto, hoje a guerra continua porque os juízes têm o poder de decisão a favor ou contra proprietários e indígenas”.

Há também na OAB/MS uma Comissão de Assuntos Indígenas. Sua presidente, Sâmia Barbieri, afirma que “não devemos propagar essa política de ódio; isso não é bom para ninguém. Nós temos uma guerra de duas vítimas, fazendeiros de boa índole e indígenas sacrificados pelo tempo. A responsabilidade é do Estado que precisa demarcar essas terras e resolver o problema. Estamos andando em círculos —precisamos nos posicionar. Não estamos fazendo uma boa lição de casa”.

Para advogada, “até agora só impera o diálogo do mais forte. A OAB está buscando uma posição isenta e de consenso”. Para Barbieri, “está acontecendo um genocídio no nosso Estado e no país, onde as estatísticas mostram claramente quem está morrendo. A comissão vai continuar lutando para que o direito humano seja cumprido”.

Para o presidente da OAB de Mato Grosso do Sul, Leonardo Duarte, “nessa disputa, os dois lados são perdedores. Os indígenas porque acabam tendo que lutar por sua terra ancestral; os proprietários rurais porque têm que entrar numa disputa ainda que possuam títulos expedidos pelo Estado”.

Leonardo Duarte considera “contraditório que essas terras, embora tenham títulos, não sejam indenizadas, até porque foram adquiridas de boa fé; e que, por outro lado, não se atenda a demanda dos povos indígenas, proporcionando a eles o que lhes é de direito”.




Fonte:
12 de setembro de 2011 • 18h24 • atualizado às 18h31

sábado, 10 de setembro de 2011

6ª Aldeia SESC Terena de Artes Territórios da Cultura

Programação de 08 a 17 de Setembro de 2011, Sesc do Horto, Rua Anhanduí, 200.
Shows, Artes Visuais, Literatura, cinema e artesanato

Programação a partir das 19h
Alguns espetáculos terão entrada franca, outros com preços que variam de R$ 7,00 a R$ 14,00 por pessoa.
Maiores informações pelo telefone: (67) 3357-1200, Ramal 212/213


Fonte:
Sesc Horto - MS

Índios guaranis abrem, em Dourados, o 3º Festival Internacional de Teatro

A dança guarani "Ñanderu Guasu Oipytyvõ Ika’ aguyre" abriu, na noite de ontem (9), no auditório da UFDG, o III Festival Internacional de Teatro de Dourados. A simbologia dos elementos da terra, da fauna e da flora estiveram no palco do cine-auditório da Universidade Federal (UFGD) e apresentaram à plateia toda a riqueza da cultura indígena sul-mato-grossense.

O 3º FIT Dourados vai até o dia 18 de setembro e durante dez dias serão realizados na cidade vários espetáculos, com grupos do Brasil e do exterior. A dança indígena, apresentada em forma de teatro, por alunos da escola municipal Araporã, foi uma mostra do intercâmbio cultural que estará em destaque no festival. O harpista douradense Rafael Deboleto Rodrigues também se apresentou na abertura.

Respirar cultura - A presidente do Instituto para o Desenvolvimento da Arte e da Cultura (Idac), June Torres, disse durante o lançamento que a cultura é uma forma de manter viva a história e a realidade de um povo. “Chegamos na terceira edição com a proposta de fazer com que Dourados respire cada vez mais a arte e a cultura”, ressaltou ela em seu discurso. June Torres agradeceu àqueles que se empenharam para a realização do evento e destacou a Caixa Econômica Federal, patrocinadora do festival.

O vice-reitor da UFGD, professor Wedson Desidério Fernandes, também destacou a importância do festival, como proposta para trazer um pouco daquilo que a cidade de Dourados é carente: cultura. “Desde a implantação da UFGD em 2006 construímos uma identidade de cultura e a nossa proposta é fazer com que cada vez mais a cidade possa respirar a sua identidade, a sua história, tão essencial para o registro e a memória de um povo”, discursou o vice-reitor.

Programação e locais - Os espetáculos do 3º Festival Internacional de Teatro serão apresentados em diferentes locais. A praça pública Antonio João é uma delas, assim como a feira livre da Rua Cuiabá. A Aldeia Bororó também será palco de apresentações.

Durante a abertura ontem, o poeta e ator Emmanuel Marinho, coordenador do festival, apresentou a programação do FIT. Ele destacou que os espetáculos são sucesso por onde passam, pois reúnem grupos teatrais do Brasil, Paraguai, Peru, Bolívia e França. Entre as atrações regionais há dois grupos de teatro de Campo Grande. Um deles é o Circo do Mato, que vai apresentar o espetáculo "Os Corcundas", e o outro é a Cia Jair Damasceno, que vem com a peça "CALABoca! E grita".

Ainda entre os atrações nacionais, se destaca a participação do grupo baiano ViaPalco, com o espetáculo de rua "Circo de um Homem Só". Entre as internacionais está o “Lo que más me gusta de Federico”, um recital de poemas acompanhado por instrumentos musicais. (*Com informações do site DouradosAgora)


Fonte:
10/09/2011 09h17

Fazendeiros de Iguatemi acusam índios de ameaças em ofício ao MPF

Ofício foi enviado após ataque que, segundo índios,destruiu acampamento

Acampamento foi destruído pelo fogo dia 23 de agosto. Ofício do sindicato foi enviado no dia 30. (Foto: Divulgação MPF)

Dois ofícios encaminhados entre o dia 30 de agosto e o dia 5 de setembro ao MPF (Ministério Público Federal), com cópia para autoridades federais e estaduais, colocam novos ingredientes na conturbada relação entre índios e fazendeiros em Iguatemi, na região Sul do Estado, onde um inquérito da PF (Polícia Federal) apura um ataque a indígenas acampados em uma área pública. Em um dos documentos, enviado no dia 30 de setembro, o Sindicato Rural de Iguatemi, acusa os índios de estar ameaçando as famílias, com foices e facões.

No texto, a entidade pede providências à Secretaria de Justiça e Segurança Pública e investigação por parte do MPF e da Polícia Federal.

O documento alega que as famílias que vivem nas fazendas da região estão com medo que fatos recentes estão tirando a “paz” e a tranquilidade” das noites.

O ofício diz que o clima de medo começou no dia 16 de agosto, quando policiais federais e funcionários da estiveram na região, a procura de índios. Depois, conforme escrito, no dia 22 de agosto, os moradores das fazendas da região avistaram indígenas em uma camionete. Os mesmos índios, conforme relatado, foram vistos por dois ou três dias depois e que permanecem na região.

Ainda de acordo com o texto, o grupo atira pedras nos veículos que trafegam pelo local e “fez chegar” até as casas a informação de que elas poderiam ser invadidadas.

Diante disso, conforme o sindicato, moradores não estariam mais dormindo em suas casas.

Acampamento destruído-O período dos fatos relatados pelo ofício coincide com o ataque que índios acampados próximos à fazenda Margarida, área reivindicada como indígena, sofreram no dia 23 de agosto.

O acampamento foi destruído por fogo e indígenas saíram feridos, entre eles crianças, conforme o MPF divulgou. Em razão disso, o órgão pediu à Polícia Federal abertura de inquérito sobre o episódio, apontado como crime de genocídio.

O inquérito está em andamento na Polícia Federal de Naviraí. O ataque não é citado no ofício do Sindicato Rural.

Dias antes desse documento, a entidade havia encaminhado outro ofício, no dia 30 de agosto, pedindo cópia do relatório antropológico feito pela Funai (Fundação Nacional do Índio) como parte do processo para reconhecimento da terra como indígena. No texto,a entidade afirma que não foi dada publicidade aos fazendeiros da região sobre os estudos, o que fere a Constituição.

Os ofícios foram encaminhados ao procurador Marco Antônio Delfino, de Dourados, e ao procurador-chefe do MPF, Ramiro Rockenback. O órgão ainda não se manifestou sobre o que vai ser feito.

O **Campo Grande News* tentou falar com o presidente do Sindicato, Márcio Margatto, e a informação é de que ele está viajando.



Fonte:
09/09/2011 17h55

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Copai cobra providências sobre atentado a ônibus de estudantes indígenas

A Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da OAB/MS (Copai) solicita mais empenho nas investigações do atentado ao ônibus escolar, ocorrido no dia 4 junho, no município de Miranda. O veículo que estava com 30 estudantes indígenas foi atacado e incendiado deixando diversas pessoas feridas.



Uma delas, Lurdesvoni Pires, de 28 anos, teve 70% do corpo queimado. A indígena, que estava internada há dois meses, na Santa Casa de Campo Grande, morreu no final da tarde desta terça-feira (23). Ela deixou quatro filhas pequenas, com 13, oito, seis e três anos de idade, que ficarão com a avó materna provisoriamente.



De acordo com testemunhas, em uma curva de estrada de chão na aldeia Babaçu, o ônibus escolar passou e alguém (não se sabe quantas pessoas) ateou uma espécie de tocha em chamas dentro do veículo escolar. O atentado ocorreu no território indígena Cachoeirinha, onde vivem 6 mil índios que habitam seis aldeias.



No início da investigação, especulou-se a hipótese do ataque ter sido motivado por uma briga envolvendo moradores da aldeia Babaçu contra os habitantes da aldeia Argola. A causa da suposta desavença, contudo, não foi revelada. A Polícia Federal assumiu as investigações e não descarta também a possibilidade do crime estar ligado à questões de terras. Ainda não há qualquer informação acerca do avanço das investigações.



A presidente da Copai, Samia Roges Jordy Barbieri, afirmou que a Comissão juntamente com o Conselho Municipal dos Direitos e Defesa dos Povos Indígenas irá acompanhar o caso e cobrar providências urgentes. “Estamos consternados, porque essa é uma situação muito séria, que não pode ficar sem um tratamento adequado. É necessário descubrir o autor, puni-lo e assegurar que novos episódios aconteçam”, afirma Samia.



Fonte:
25 de agosto de 2011 • 09h34 • atualizado às 11h57

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Índios são proibidos de falar guarani em escolas da Capital, denuncia Pedro Kemp

O deputado estadual Pedro Kemp (PT) denunciou na manhã desta quinta-feira (1°) que índios da etnia Guarani Kaiowá foram proibidos de falar guarani na escola onde estudam, em Campo Grande. A denúncia foi feita durante sessão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

O parlamentar explicou que três indígenas, da etnia Guarani Kaiowá, estudantes do EJA (Educação de Jovens e Adultos) na Escola Municipal Nerone Maiolino, foram proibidos pela direção da unidade escolar de usar a língua materna – o guarani – dentro e fora da sala de aula e obrigados a assinar um documento acatando a determinação.

Kemp explicou em tribuna que essa determinação afronta a Constituição Federal de 1988 e citou trechos do artigo 231 da CF/88. “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”, disse.

O petista pretende apresentar na próxima sessão legislativa uma indicação à Secretaria Municipal de Educação, cobrando providências sobre o caso, além de encaminhar um ofício às autoridades do município, relatando a denúncia e exigindo o cumprimento dos direitos indígenas, garantidos pela Constituição Federal.



Fonte:
01/09/2011 12:07
Eduardo Penedo

Índios são proibidos de falar guarani em escola de Campo Grande

Três índios denunciaram que foram proibidos de falar o guarani nas dependências da escola municipal Nerone Maiolino, onde cursam o EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Os guarani-caiuá também foram obrigados a assinar um documento acatando a determinação. Um dos alunos é Laucídio Nelso. “Ele não sabia ler nem escrever e decidiu estudar”, conta Leda Rodrigues, esposa de Laucídio. O casal mora na aldeia Água Bonita, em Campo Grande.

A situação foi denunciada ao deputado estadual Pedro Kemp (PT). O parlamentar vai pedir explicações à secretaria municipal de Educação. “Os índios têm direito de falar a língua deles”, afirmou Kemp durante sessão na Assembleia Legislativa.

Conforme a Constituição Federal, “são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”.

A reportagem entrou em contato com a escola Nerone Maiolino, mas a diretora estava em reunião.
 
 
Fonte:
Aline dos Santos

MPF investiga novo ataque a índios acampados em Iguatemi

O grupo de índios guarani kaiowa que havia ocupado área na divisa entre as fazendas Maringá e Santa Rita, em Iguatemi, no início de agosto, sofreu novo ataque de “capangas”. A ação deixou indígenas feridos a tiros e está sendo investigada pela Polícia Federal e acompanhada pelo MPF (Ministério Público Federal) e pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio).

Polícia Federal, MPF e Funai ainda preparam os relatórios com informações oficiais sobre o caso, no entanto, o procurador da República em Dourados, Marco Antônio Delfino de Almeida, confirmou que, em visita ao local onde estão acampados os indígenas, ficou constatado que realmente houve confronto e que várias pessoas foram feridas a tiros.

“Essa questão de posse [da terra] é sempre complicada, vamos avaliar se vai ter um final amistoso, mas primeiramente, temos que averiguar a responsabilidade pelos ataques e punir os culpados”, comentou o procurador.

O ataque da semana passada foi o segundo sofrido pelo grupo de indígenas. No primeiro, dia 14, eles foram expulsos do acampamento na divisa das fazendas e permaneceram vários dias escondidos na mata. Agora, de acordo com informações da FUNAI, permanecem acampados às margens de uma estrada rural, fora das fazendas.

Os indígenas reivindicam a demarcação de área do tekoha (terra tradicional) Pyelito Kue. Na mesma região já houve violentos confrontos pela posse da terra, em 2003 e 2009.



Fonte:
01/09/2011 18:17