sábado, 12 de fevereiro de 2011

Por terra de antepassados, índios americanos dizem não a U$ 1 bi


Já assistiram a Avatar? No filme dirigido por James Cameron, o Exército americano chega a um novo planeta, Pandora, em cujo subsolo há um mineral de grande riqueza. Para explorá-lo, os militares têm de expulsar os nativos Na’vi, humanoides azuis e gigantes, de uma área sagrada para eles.
A metáfora encontra um correspondente na própria história americana. Em 1874, o general George Custer descobriu ouro nas montanhas Black Hill, na Dakota do Sul, então território indígena dos Sioux . Três anos depois, uma sangrenta batalha foi travada entre os homens de Custer e os índios, comandados pelo cacique Touro Sentado. Após algumas vitórias, os indígenas foram derrotados em 1877. Um tratado foi assinado removendo-os de Black Hill para outras reservas.
Em 1970, o governo americano deu aos Sioux US$ 102 milhões pela tomada de Black Hill. Mais de 40 anos depois, com juros e correção monetária, o dinheiro soma US$ 1 bilhão, diz a revista Atlantic. De acordo com o advogado Mario Gonzalez, que representa os Sioux, o tratado de 1877 não é válido: não foi aceito por membros suficientes da tribo e a terra não estava à venda. Embora alguns indígenas já cogitem aceitar o dinheiro, o advogado diz que os descendentes de Touro Sentado devem lutar para ter sua terra de volta. “Dizemos a eles: ‘nossos antepassados derramaram muito sangue para que as gerações futuras tivessem um lar que incluísse Black Hill. Se a tribo aceitar o dinheiro, ele será gasto em três anos e os Sioux serão um povo derrotado e sem orgulho”, afirma.
O plano do defensor dos Sioux é propor ao governo Obama um acordo para dividir as terras com o governo. Instalações como correios e o Monte Rushmore, ficariam sob jurisdição federal.
Os Sioux, espalhados por 17 reservas nas Dakotas do Norte e do Sul, Montana e Minnesota, enfrentam graves problemas socioeconômicos. Mais de 80% dos moradores da reserva de Pine Ridge, por exemplo, são desempregados. Quase metade dos índios com mais de 40 anos têm diabetes, e suas expectativas de vida são de 48 anos para homens e 52 para mulheres. Será que o final da história, como no filme de James Cameron, será feliz?


Fonte e Foto: Estadão

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