A globalização é um inimigo potencial das culturas, mas pode-se reverter seu efeito negativo e aproveitar sua potencialidade em favor das línguas indígenas. Eis porque indígenas e especialistas participaram da celebração do “Día Internacional de la Lengua Materna”, ocorrido no Club de Periodistas de México. Na oportunidas os debatedores manifestaram suas considerações e nálises numa perspectiva de se garantir uma política indígena e/ou indigenista fundamentada na diversidade cultural e na alteridade dos povos centrada no efetivo direito das línguas maternas como valor de identidade nacional.
Os Deputados Federais Indígenas Mexicanos, Héctor Pedraza, Sabino Bautista, e Marcos Matías, a Promotora Cultural, Susana Harp e o Prof. José del Val Blanco, Diretor do Programa Universitario “México Nación Multicultural” da Universidade Nacional Autônoma do México - UNAM, ressaltaram que é preciso aproveitar a diversidade lingüística para empoderar os Povos Indígenas.
O Deputado Héctor Pedraza, organizador do Encontro, manifestou sua preocupação diante do risco em que se encontra 33 línguas indígenas no México e outros 21 idiomas maternos que estão em situação crítica.
Susana Harp, Promotora Cultural apontou a importancia do uso das novas tecnologías de informação e comunicação para a proteção lingüística. Ela considerou que a negação no uso da língua materna ocorreu diante do alto grau de racismo e discriminação contra os Povos Indígenas.
Já o Professor José del Val, culpou o Estado pelo risco e deterioração das línguas indígenas devido a ausência de uma sensibilidade ao reconhecimento e apoio em que se encontram, resultando um descompromisso com as sociedades originárias e um ato de abono ao etnocídio.
O objetivo é construir um México multicultural onde as línguas indígenas não sejam discriminadas mas que se dê a elas o valor que possuem para o desenvolvimento do País e dos Povos Indígenas.
O mais importante, apontaram os painelistas, durante a celebração do dia 21 de Fevereiro como “Dia Internacional da Língua Materna”, é reconhecer que as Línguas Indígenas são parte do patrimônio intangivel da humanidade.
Pedraza Olguín, outro painelista destacou a importancia dos escritores indígenas. “O despertar dos intelectuais indígenas e da escritura das suas lenguas é um dos eixos de maior relevância para o País”, destacou o legislador indígena. Com isso está sendo construido “uma nova etapa na literatura mexicana, resultando uma geração de escritores indígenas que usando sua inteligencia possibilitam hoje, aproximar o México de um rosto todavía, desconhecido”.
O também Secretário da Comissão de Assuntos Indígenas da Câmara dos Deputados, manifestou que: “O Idioma reflete a maneira de pensar de uma Pessoa, de um Povo, seus processos mentais, sua organização social, sua cosmovisão. Quando o último falante de um Idioma morre, está morto também um acúmulo de idéias, histórias do grupo social e sua comunidade”.
Ao final, todos os painelistas opinaram em comum, que a essência de uma cultura é a língua, e quando ela se perde, perde-se a riqueza da cosmovisão de todo um Povo.
Resgatar as línguas Indígenas é um Ato de Justiça, concluiram.
"No Brasil, espera-se que a data não passe esquecida e que tanto o movimento indígena como os agentes públicos se mobilizem para discutir e refletir, garantindo o reconhecimento desse bem como patrimonio cultural brasileiro. Para esse fim, as Agências de Pesquisa e as Universidades podem contribuir efetivamente inserindo os pesquisadores indígenas em seus projetos de estudos visando à autonomia de suas organizações e o cumprimento de uma política pública relativa ao etnodesenvolvimento desses povos. Marcos Terena - Escritor y Maestro de la Catedra Indigena"
Fonte:
M. MARCOS TERENA
Nenhum comentário:
Postar um comentário