Após 26 anos do assassinato do líder indígena guarani Marçal de Souza, sua história foi contada através do teatro de rua. A trajetória de vida, a resistência histórica na luta pela terra e direitos dos povos indígenas, foi representada por cinco atores em cena, tendo como linha condutora a morte e o conflito no julgamento, além de uma leitura contemporânea do papel das instituições como, imprensa, igreja, poder público e latifúndio, envolvidas no contexto de sua morte.
Marçal, guarani - nhandéva, denunciou a invasão de terras pelos fazendeiros, explorações, ilegalidades e desrespeito com as populações tradicionais, e logo foi alvo de perseguição dos latifundiários, recebendo intimidações e ameaças até ser assassinado em 1983. Os acusados por sua morte foram julgados, mas absolvidos.
A criação do espetáculo passou por um intenso processo de pesquisa. Recursos audiovisuais, textos e debates, foram elementos essenciais para a construção de uma leitura crítica, e um entendimento mais amplo acerca da realidade dos povos guarani em Mato Grosso do Sul. Os movimentos sociais, pessoas que conviveram com o líder e pesquisadores, contribuíram para o desenho das linhas gerais da peça. Em Abril, o grupo contou com o valoroso auxílio de Edna de Souza, filha de Marçal, que esteve com a equipe para um bate-papo, junto com Margarida Marques, jornalista que acompanhou, e registrou, momentos significativos da luta de Tupã-i. Fernando Cruz, diretor do espetáculo, afirma que “A partir da história de Marçal, pretendemos abrir uma reflexão sobre todas as lutas travadas pelas populações excluídas; lutas que traduzem a resistência de um povo e a garantia de melhores condições de vida. Isso nos remete aos povos quilombolas, aos movimentos populares e sociais, entre tantos outros. Marçal de Souza se correlaciona com todas essas causas.” Pontua Cruz.
O grupo apresentou quadros da peça em dois importantes momentos da cultura indígena do estado; em comemoração ao Dia do Índio, na Aldeia Urbana Marçal de Souza, e no evento AVA MARANDU – Os guarani convidam. A repercussão foi positiva, e ultrapassou as fronteiras pantaneiras, prova disso, foi o convite feito pela de revista online Kalango, que contará na sua primeira edição com uma reportagem sobre o espetáculo sul-mato-grossense.
Mais sobre o grupo:
O grupo de teatro de rua, iniciado em 2005, faz das ruas e praças seu palco principal. Conduzido pelo ator e diretor Fernando Cruz, o Teatro Imaginário Maracangalha, utiliza-se de formas alternativas de difusão da arte cênica, ampliando o acesso a maior parte da comunidade, que por motivos diversos, não frequentam as salas de teatro convencional. Ao longo destes 5 anos, a trupe tem na bagagem vários espetáculos, entre eles, “Amar é”, “Deixa Falar” e o “Conto da Cantuária”, que recentemente foi selecionado para apresentar no Festival de Inverno de Bonito. O grupo ainda faz parte da Rede Brasileira de Teatro de Rua, discutindo a temática no Brasil e mundo
Nenhum comentário:
Postar um comentário