A advogada Tatiana Ujacow, membro do Comitê Nacional de Defesa dos Povos Indígenas de Mato Grosso do Sul, da Comissão Permanente de Assuntos Indígenas (Copai/OAB) e do Comitê Intertribal de Memória e Ciência Indígenas (ITC), entregou nesta segunda-feira (5) ao vice-presidente da República um documento solicitando providências para a questão dos conflitos entre índios e produtores rurais no estado.
De acordo com Tatiana, o diálogo com o vice-presidente já tem um tempo. “Ele tem inclusive o meu livro, que trata a situação dos povos indígenas daqui. É um livro escrito há certo tempo, mas que está muito atual, pela dificuldade que nós temos de resolver esta questão”.
Tatiana, que defende o diálogo, explicou que o documento entregue ao vice-presidente contem várias ofensas aos direitos humanos. “Esses assassinatos que têm ocorrido em nosso estado e essa necessidade que tem da gente respeitar os direitos dos povos indígenas, que aqui não tem como, não existe um diálogo para a gente começar pelo menos a questionar. Enquanto isso, vidas são ceifadas. As pessoas morrem na luta pela terra, sem que se possa fazer nada”.
Segundo a advogada, o comitê acredita que seja necessária uma intervenção. “Se necessário for, uma intervenção federal, visando medidas rápidas e eficazes para os fins dos conflitos e demarcação de terras indígenas e para o fim das permanentes violações dos direitos humanos. Pedimos aqui a conclusão dos procedimentos administrativos de demarcação, a investigação rigorosa e a efetiva prisão dos criminosos, do assassinato bárbaro de Nisio Gomes. Pedimos então, que apreciem essas questões que está na hora, já passou da hora de resolvermos a questão”.
Tatiana destacou que o vice-presidente demonstrou interesse. “Há bastante tempo tenho discutido com ele esta questão e eu acho que agora nós precisamos unir forças. Esta é a tarefa do nosso comitê, recém criado, mas são mais de sessenta entidades do Brasil inteiro nos apoiando. Inclusive, em São Paulo terá um ato de outras entidades de apoio ao comitê”.
Quanto ao documento, Tatiana reforçou que o vice-presidente irá ler e verá um relato de tudo o que tem acontecido em Mato Grosso do Sul, com relação aos conflitos entre os índios e os produtores rurais. “A intervenção só se necessário for. A gente espera que as coisas se encaminhem. A intervenção a gente sabe que é quando chega ao limite. Tanto é que nós temos órgãos aqui no Brasil, e fora do Brasil também, para a proteção dos direitos humanos, mas nós sabemos que na maioria das vezes, com diálogo, com equilíbrio, e realmente, com vontade política, as coisas vão se resolver”.
Para Tatiana, todos os caminhos para resolver a questão dos conflitos são viáveis. “Tem que tentar de tudo. Está na hora de resolver o problema e acabar com o sangue. É derramamento de sangue, se a gente não tomar nenhuma providência, amanhã é outra liderança”.
Tatiana ressaltou que o comitê tem entidades de todo o Brasil. “Não só daqui, mas várias pessoas que se sensibilizam com a situação dos povos indígenas”. E acrescentou: “Não basta cada entidade ficar tentando isoladamente. E o comitê veio agregar. Nós estamos muito firmes nesta luta e este foi o primeiro passo”.
O comitê encaminhará o mesmo documento entregue ao vice-presidente para outras autoridades como a presidente Dilma Rousseff, o governador André Puccinnelli, como um apela para que a situação se resolva de forma pacífica.
Fonte:
06/12/2011 08:44
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