segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Repulsa à cultura e aos costumes dos índios

Os nossos povos indígenas têm sido vítimas de preconceito desde a chegada dos colonizadores. Da idéia de habitantes do paraíso, passando pelo purgatório até chegar à idéia de condenados do demônio, os povos indígenas são vistos ora como o "bom selvagem" ora como o "matuto traiçoeiro" o ‘BUGRE’. Há no Brasil, atualmente cerca de 223 povos indígenas, falando 180 línguas diferentes, ocupando regiões muito diversas (número que pode impressionar, à primeira vista, mas muito reduzido se comparado às estimativas que se fazem quando da época da chegada dos portugueses). Como os povos indígenas representam cerca de 0,4% da população total brasileira (portanto, uma minoria social), nós ficamos à margem de direitos fundamentais a todos os cidadãos e de seus direitos específicos, previstos na constituição.
Por outro lado qualquer outra influência oriunda da Europa era sempre bem-vinda, os europeus eram pessoas "civilizadas" e entendiam mais sobre tudo, até mesmo de um lugar completamente diferente da Europa como Brasil, que nem sabiam como era, pois aqui nunca estiveram, portanto, as práticas indígenas foram ignoradas na criação do direito brasileiro nos séculos de colonização. Essas foram as principais características da produção do direito na época colonial, principalmente, nos dois primeiros séculos de presença portuguesa no Brasil, podemos concluir que a questão da liberdade dos nossos antepassados índios, foi o principal tema dos debates acerca da produção e aplicação do direito em relação aos povos indígenas, é extremamente importante sublinhar a postura de resistência dos povos indígenas, que em momento algum aceitaram a escravidão por parte dos colonizadores (invasores ).
A partir do século XIX, os interesses dos dominadores em relação aos povos indígenas deixaram de ser paulatinamente a questão da liberdade e escravidão, e passaram a ser levantadas questões referentes as propriedades indígenas, as terras indígenas mais especificamente. O contexto histórico já era totalmente diferente do início da colonização, o século XIX foi marcado por transformações em vários campos como a política, economia, direito entre outros. Durante o século XIX a legislação indígena focou-se principalmente na questão da terra, que é um elemento essencial para a sobrevivência e reprodução cultural dos povos indígenas. A primeira constituição brasileira não mencionava em nenhum artigo algum assunto relacionado aos índios, ou melhor, segundo Colaço(2003) a constituição de 1824 nem sequer mencionava a existência de índios no território brasileiro, muito menos propunha regular as relações conflituosas entre os índios a os não-índios. A primeira norma a ofertar "proteção" aos nossos povos, induzia a promoção da integração do índio na sociedade onde o branco era quem dominava, fazendo com que os nossos povos deixassem de lado a cultura e incorporassem as idéias e formas de outros povos de origem completamente distinta das de nossas comunidades indígenas dos índios.
Com o advento da lei propriedade, a terra deixou de ter fundamento na posse e a partir de então, o que valia era a aquisição do título de propriedade, é claro que a intenção da lei era legalizar a tomada das terras dos índios, pois, índio algum iria ter dinheiro para comprar e muito menos título que comprovasse a aquisição da terra, já que para nós, o homem (branco, preto ou amarelo), nasceu junto à terra em que habitam e dela depende para tudo. Na nossa concepção indígena, o homem pertence à terra e não é a terra que pertence ao homem, concepção completamente diferente dos novos ideais liberais e individualistas que traz a lei das terras. As conseqüências desta lei foram drásticas para os índios. Começaram a ser expulsos de suas terras para a produção agrícola, incentivada pela imigração dos europeus no século XIX.


Fonte:

Wilson Matos da Silva -
É índio, Advogado e Jornalista, Coordenador Regional do ODIN (Observatório nacional de Direitos indígenas), Presidente da Comissão de Assuntos Indígenas da OAB 4ª Subseção Dourados matosadv@yahoo.com.br.
31/8/2011, 10:30
Obs.: E foi o primeiro presidente da CEAI/OAB/MS

Justiça suspende licença parcial para Belo Monte

São Paulo - A Justiça Federal no Pará determinou na sexta-feira a suspensão imediata da licença de instalação parcial que permitia o início das obras no canteiro da usina hidroelétrica Belo Monte, no rio Xingu (PA), informou o Ministério Público Federal (MPF) no Pará. Segundo o MPF, a decisão impede também o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de transferir recursos financeiros ao consórcio Norte Energia, que detém a concessão da usina.
O juiz Ronaldo Destêrro, da 9ª Vara da Justiça Federal em Belém, considerou que as condicionantes impostas pelo próprio Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o início das obras não foram cumpridas.
A licença parcial foi concedida pelo Ibama em 26 de janeiro. De acordo com o MPF, até então, 29 condicionantes não tinham sido cumpridas, quatro foram realizadas parcialmente e sobre as demais 33 não havia qualquer informação. Entre as pré-condições, estão medidas como a recuperação de áreas degradadas, preparo de infraestrutura urbana, iniciativas para garantir a navegabilidade nos rios da região, regularização fundiária de áreas afetadas e programas de apoio a indígenas.
Em 2010, o MPF questionou a Norte Energia sobre o cumprimento das condicionantes. Segundo o Ministério Público Federal, o consórcio pediu ampliação de prazo para dar a resposta, que acabou não apresentando. No dia seguinte à emissão da licença parcial pelo Ibama, o MPF ajuizou a ação denunciando o descumprimento das condicionantes.


Fonte:
DCI-SP
28/02/2011

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Conselho Indigenista se diz indignado com decisão do caso Veron


Entidade defende que acusados sejam julgados por homicídio

O Cimi/MS (Conselho Indigenista Missionário – regional Mato Grosso do Sul) mostrou-se indignado com a decisão da Justiça Federal, que condenou os seguranças da Fazenda Brasília do Sul por sequestro e tortura do cacique guarani Marcos Veron. A entidade acredita que os acusados devam ser condenados por homicídio.
Em nota, o Cimi/MS afirma que a decisão judicial “traz relevante indignação e preocupação desta entidade pela impunidade do fato e as consequências deste precedente”. A Justiça Federal não reconheceu a prática de homicídio praticado contra o cacique e da tentativa de homicídio contra seus familiares.
Além disso, a indignação da entidade indigenista se dá pela possibilidade dos acusados de recorrer da sentença em liberdade.
Veron foi morto em janeiro de 2003, na fazenda Brasília do Sul, em Juti. 


Fonte:
26/02/2011 21h47 - Atualizado em 26/02/2011 21h47

Crônica do julgamento do assassinato do Cacique Marco Verón

Após 8 anos decorridos do assassinato do grande líder Marco Verón era grande a expectativa de que houvesse justiça no Julgamento que se deu na Justiça Federal de São Paulo (para ter isenção). Crianças, mulheres e homens Guarani pintados e com cocares estavam presentes, entre estes as vítimas de tortura (filhas e filhos do Cacique Marco Verón). Início: manhã do dia 21 de fevereiro de 2011, término: noite de 25 de fevereiro de 2011. Longa jornada em busca de que a verdade prevalecesse. Tensão, sofrimento, risos, esperança.
A FUNAI materialmente contribuiu apenas com o ônibus da vinda dos indígenas Guarani de Mato Grosso do Sul para São Paulo; ressalte-se o empenho e zelo com que o Procurador da FUNAI, Alexandre, e o servidor Pereira, atuaram com os indígenas. Esse ônibus da FUNAI foi dispensado e voltou vazio na 6ª feira. Na noite de 21 de fevereiro os indígenas dormiram na Tekoá Pyaú. De 3ª a 6ª feira os indígenas dormiram no albergue da Prefeitura de São Paulo. Tanto a volta dos indígenas para Dourados/MS como a alimentação e roupas vieram do auxílio conseguido através de articulações do CIMI, Movimento Indígena Revolucionário, Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas, Terre Indigene, Tribunal Popular: o Estado Brasileiro no Banco dos Réus, entre outros. Contribuíram: a APROPUC, o Conselho Regional de Psicologia/SP, o PSOL, munícipes, entre outros. Foi graças a esta solidariedade que a situação dos indígenas não foi muito pior.
Durante nosso apoio aos indígenas ouvimos relatos impressionantes sobre as torturas e aterrorizamentos sofridos por filhas e filhos do Cacique Marco Verón, um filho dele nos relatou a tentativa de assassinato que sofreu, uma das filhas dele foi torturada grávida e perdeu a criança uma semana depois das torturas (a perda da criança nem sequer constou dos autos do Processo), outra filha dele teve que parar um curso superior de Direito. Até as crianças netas do Cacique Marco Verón foram ameaçadas pela quadrilha de assassinos do Cacique. Vimos também as mentiras proferidas pelo advogado dos assassinos para toda a grande imprensa, ávida também de ouvir as mentiras dos assassinos. Grande imprensa esta surda e cega para com a versão dos indígenas.
Na noite de 25 de fevereiro era grande a tensão aguardando o resultado do Julgamento. Aparentemente se faria justiça neste Processo. Um ex funcionário da fazenda, não indígena, depôs em favor dos indígenas. Um delegado federal depôs em favor dos indígenas, O Ministério Público Federal depôs em favor dos indígenas. Entretanto, o resultado do Julgamento não condenou os réus por assassinar o Cacique Marco Verón, eles foram condenados, minimamente, por formação de quadrilha, tortura e seqüestro. No entendimento de integrantes do Movimento Indígena Revolucionário presentes no apoio aos indígenas, este Julgamento apenas se presta para que nos próximos assassinatos de lideranças indígenas se tome mais cuidado (não seqüestre, não torture, não deixe tantas pistas …). Dizer que houve avanço porque através deste Julgamento se gerou jurisprudência para que todos os próximo s julgamentos envolvendo indígenas possibilite o depoimento na língua indígena não apaga a dor do coração da viúva e demais familiares do Cacique Marco Verón, além de perpetuar a impunidade dos crimes contra a pessoa indígena.


Fonte:
Miryám Hess - Conselheira do Conselho da Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas, ativista do Movimento Indígena Revolucionário.
26/2/2011, 23:05

Acusado de matar cacique Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul é absolvido de homicídio

Após cinco dias de julgamento, os jurados decidiram no fim da noite de ontem (25) absolver Carlos Roberto dos Santos acusado da morte do cacique Guarani-Kaiowá Marcos Veron. Ele e mais Jorge Cristaldo Insabralde e Estevão Romero eram réus no processo que apura os crimes contra o grupo de índios que ocupou a Fazenda Brasília do Sul, em Juti, Mato Grosso do Sul, em fevereiro de 2003.
Os três funcionários da fazenda, no entanto, foram condenados por seis sequestros, tortura e formação de quadrilha armada. A pena estipulada pela juíza da 1ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Paula Mantovani, foi de 12 anos e três meses de prisão. Estevão Romero foi condenado também a mais seis meses em regime aberto por fraude processual.
Todos os réus já passaram quatro anos e oito meses sob prisão preventiva. Como a sentença ainda não transitou em julgado, eles deixaram o tribunal em liberdade.
Para o procurador Luiz Carlos Gonçalves, o resultado foi uma vitória parcial. “ A vitória completa seria a condenação dos réus também pelos homicídios e tentativas de homicídios”. Mesmo assim, ele considerou a sentença um avanço na luta pelos direitos indígenas. “A mensagem de que a comunidade indígena tem direitos e que a violência é intolerável foi dada”, disse.
O próximo passo, segundo o procurador, é buscar a condenação dos supostos mandantes do assassinato de Marcos Veron. O dono da fazenda é réu em outro processo sobre o mesmo caso.
A defesa dos acusados comemorou o resultado, já que a pena aplicada é apenas uma fração da penalidade que poderia ser imputada. O advogado Josephino Ujacow, entretanto, já adiantou que vai recorrer da sentença.
O juri foi realizado em São Paulo atendendo ao pedido do Ministério Público Federal. O órgão afirma que o dono da fazenda tem grande poder econômico e poderia influenciar no julgamento em Mato Grosso do Sul. Além disso, segundo o MPF, existe no estado um grande preconceito contra indígenas.
Os crimes ocorreram quando um grupo de cerca de 40 seguranças da Fazenda Brasília do Sul desocupou a área à força. Os índios estavam acampados pela segunda vez a fazenda que é reivindicada como terra indígena. Marcos Veron teria sido morto a coronhadas durante o conflito, mas a defesa sustenta que o índio havia sido agredido na própria aldeia.
Os cinco dias de juri foram acompanhados por um grupo de índios que inclui três filhos do cacique morto e cerca de 15 outros membros da tribo.


Fonte:
26/02/2011 07:00

Juri condena seguranças a 12 anos de prisão por tortura e morte de líder guarani

Líder guarani-caiuá Marcos Veron foi morto em 2003 por seguranças de uma fazenda em Juti. Os jurados condenaram e a juíza federal Paula Mantovani Avelino fixou pena de 12 anos e 3 meses de prisão a Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde, em regime fechado, por tortura e sequestros no caso Veron.
Eles foram inocentados pelo assassinato do líder guarani, mas considerados culpados por seis sequestros, tortura e formação de quadrilha armada. A tortura teve como vítimas sete indígenas na fazenda Brasília do Sul, em Juti, a 330 quilômetros de Campo Grande.
Estevão também acumulou mais seis meses de pena em regime aberto por fraude processual.
No dia 13 de janeiro de 2003, os três, que eram seguranças da fazenda Brasília do Sul, sequestraram e amarraram na carroceria de uma caminhonete sete índios da etnia guarani-caiuá, que reivindicavam a posse das terras. Levados para um local distante da fazenda, passaram por sessão de tortura.
Um dos filhos de Veron, conforme a peça de acusação, quase foi queimado vivo. A filha do líder indígena, grávida de sete meses, foi espancada. Veron foi agredido com socos, pontapés e coronhadas de espingarda na cabeça e morreu por traumatismo craniano.
Os três respondiam o processo em liberdade em função de um habeas corpus preventivo. Apesar de condenados, os seguranças poderão recorrer da sentença e aguardar a decisão em liberdade.
A pedido do MPF, o julgamento foi transferido de Mato Grosso do Sul para São Paulo. Os motivos foram o poder econômico e a influência social do proprietário da fazenda, que teria negociado com dois índios a mudança de seus depoimentos. Este foi o terceiro caso de desaforamento interestadual do Brasil.
Em maio do ano passado, o júri popular foi interrompido após o representante do MPF, o procurador da república Wladimir Barros Aras, abandonar o julgamento. A decisão veio após a juíza federal Paula Mantovani Avelino indeferir o pedido para que o depoimento das vítimas e testemunhas indígenas fosse colhido em tupi-guarani.
Dessa vez, porém, algumas testemunhas tiveram auxílio de interpretes. Porém, a maioria entende bem o português e pode prestar depoimentos sobre os crimes.


Fonte e foto:
25/02/2011 22h38 - Atualizado em 25/02/2011 22h38

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Observatório de Direitos Indígenas de Mato Grosso do Sul será lançado em Dourados

No dia 25 de fevereiro o Centro Indígena de Estudos e Pesquisas (Cinep), a Coordenação da Aty Guassu (Lideranças Guarani Kaiowá de MS) e o Programa Rede de Saberes, apoiado pela Fundação Ford, lançam o Observatório de Direito Indígena de Mato Grosso do Sul (ODIN/MS), que terá sede na cidade de Dourados.
O lançamento será no auditório da 4ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MS), em Dourados. Participarão advogados e lideranças indígenas Guarani Kaiowá, membros da coordenação nacional do Cinep e do Programa Rede de Saberes.


Fonte:
http://www.rededesaberes.neppi.org/noticias.php?id=522
22/2/2011

Novo coordenador da Funai toma posse em Aquidauana

O antigo sistema de chefia de postos da Funai estabelecidos nas aldeias já é coisa do passado. Mudanças nos procedimentos logísticos feitos pela direção nacional daquela fundação determinam que a partir de agora os chefes de postos passem a ser denominados de Coordenadores Locais o que tenham seus escritórios na sede dos municípios onde existem populações indígenas.
Em Aquidauana, esse procedimento já está em marcha com a posse do novo coordenador local, o antropólogo Celso Afonso Bickner, fato ocorrido nesta semana na sede da gerência municipal de Produção e Meio Ambiente. Uma parceria entre o governo do prefeito Fauzi Suleiman (PMDB) e a Funai regional estabelece que o município passe a oferecer local e estrutura para que o novo coordenador possa executar com sucesso seu trabalho junto às nove aldeias de Aquidauana e a de Anastácio.
A posse, transcorrida já em clima de reunião de trabalho, reuniu todos os caciques das aldeias Terena de Aquidauana e ainda da Aldeinha, de Anastácio.
Recebido pelos caciques e lideranças indígenas com mensagens de otimismo, Celso Bickner foi enfático ao afirmar que “embora tenha formação acadêmica sou um homem que, como vocês, tem origem no campo. Estamos dispostos a executar um trabalho em parceria, sendo essa a melhor forma de sucesso nessa nossa empreitada. Nossa política é a do ombro a ombro, todos trabalhando pelos mesmos objetivos. Não compactuamos com a política do grupo dividido, mas sim de um grupo unido pelos mesmos objetivos”, afirmou em sua fala.
A sede do escritório da Funai em Aquidauana será em um espaço junto à gerência de Produção. “Estamos empenhados em desenvolver junto às comunidades indígenas a política pública da gestão do prefeito Fauzi. O olhar especial do prefeito sobre as comunidades indígenas de Aquidauana já extrapolou as fronteiras de Aquidauana. Temos recebido constantemente elogios vindos de todas as regiões do Estado que possuem aldeias indígenas e todos destacam a política do prefeito Fauzi em relação à etnia Terena”, afirmou o gerente de Produção, Cipriano Mendes.
Em relação ao escritório da Funai na cidade, Cipriano enfatiza que é uma iniciativa que vai dar certo, tendo em vista o grau de comprometimento com a população Terena entre as partes envolvidas. “Vamos trabalhar em parceria com a Funai da forma mais harmoniosa possível”, afirmou.
Participaram do ato o coordenador regional da Funai, Edson Fagundes, o representante da Agraer, Claudionor Duarte, o assessor do governo municipal Jorge Cáceres, lideranças indígenas e convidados do governo municipal.


Fonte:
http://www.aquidauananews.com/index.php?action=news_view&news_id=178774
24 de Fevereiro de 2011 às 13:50

Programa do CNJ beneficiará 17 mil famílias indígenas

O projeto Cidadania, Direito de Todos, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai fornecer a populações indígenas de três cidades do Mato Grosso do Sul – Dourados, Ponta Porã e Aquidauana – documentos civis básicos como carteira de identidade e certidão de nascimento. A iniciativa já beneficiou 400 cidadãos desde o ano passado, nas aldeias urbanas de Campo Grande, onde vivem cerca de oito mil indígenas. Este ano, 17 mil famílias indígenas poderão beneficiar-se do projeto.
A meta do CNJ é fornecer gratuitamente documentos importantes para o exercício da cidadania dos indígenas de todo o país. “Com a certidão em mãos, por exemplo, o índio pode fazer sua carteira de trabalho; com a identidade, pode tirar seu CPF. O registro é um passo fundamental para incluir estas pessoas no rol de direitos concedidos pelo Estado”, explica a juíza auxiliar do CNJ Tatiana Cardoso de Freitas.
Em Dourados, cerca de 12 mil famílias de quatro aldeias poderão receber documentos. Na cidade de Ponta Porã, 400 famílias das duas aldeias indígenas também farão parte do levantamento, além das cinco mil famílias de 10 aldeias indígenas de Aquidauana.
O levantamento começará com um pré-cadastro das famílias indígenas e a conferência desses nomes nos arquivos da Funai (Fundação Nacional do Índio). O juiz auxiliar do CNJ Daniel Issler estima que o tempo médio entre o pré-cadastro e a entrega dos documentos seja de aproximadamente seis meses. “Também estamos articulando ações em outras regiões do país onde a falta de documentos civis é uma realidade nas populações indígenas”, diz.
O projeto Cidadania, Direito de Todos tem como parceiros a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a Funai, Associações de Registradores, Tribunais de Justiça Estaduais, órgãos de representação dos indígenas e outras instituições.



Fonte:
http://www.correiodoestado.com.br/noticias/programa-do-cnj-beneficiara-17-mil-familias%20indigenas_100889/
25/02/2011 00h02

Mortes de índios fazem 2 cidades de MS liderarem ranking nacional de suicídios

O Mapa da Violência 2011, divulgado hoje pelo Ministério da Justiça, revela, que taxa de suicídios teve um crescimento vertiginoso em Mato Grosso do Sul entre 1998 e 2008, puxada pelas mortes de indígenas, notadamente nas aldeias do Sul do Estado, onde a disputa por terra entre índios e fazendeiros é acirrada.
No ranking nacional dos municípios com taxa maior de suicídios, estão dois municípios palco de conflito indígena no Estado, Amambai e Paranhos.
Os dados do Mapa da Violência mostram que, entre 1998 e 2008, a taxa de suicídios na população em geral de Mato Grosso do Sul cresceu 39,3%. No primeiro ano citado, o índice de suicídios foi de 5,6 casos por cem mil habitantes, enquanto uma década depois, essa relação passou para 7,8.
O que mais chama atenção é quando a taxa é estratificada para a população jovem. Aí, aumento fica ainda mais evitente, chegando a 95,3%.
Em 1998, de acordo com o Mapa da Violência, a taxa de suicídios em Mato Grosso do Sul era 7,3 a cada cem mil habitantes entre 15 e 24 anos. No ano de 2008, conforme a pesquisa, esse índice pasou para 14,3.
O documento destaca Mato Grosso do Sul ao informar que o país passou de 4,2 a 4,9 suicidas em 100 mil habitantes e de 4,4 para 5,1 suicidas em 100 mil jovens na década analisada. “A maior concentração de suicídios encontra-se na região Sul, especialmente no Rio Grande do Sul e na região Centro-Oeste, principalmente no estado de Mato Grosso do Sul”, afirma o texto.

Mortes de indígenas -

Nesse ponto, o Mapa da Violência assinala o suicídio de índios em Mato Grosso do Sul, lembrando que, dos cem registros de mortes do tipo em 2008, 54 foram no Estado.
Não por acaso, aparecem no topo da lista das cidades com maior incidência de suicídio as cidades de Amambai , com taxa de 49,5 suicídios a cada cem mil habitantes, em 20088 ( 10 vezes mais que a taxa nacional), e de Paranhos, com uma taxa de 35 casos a cada cem mil habitantes. A situação chama ainda mais a atenção por destoar totalmente do quadro geral do Brasil. Conforme a análise dos responsáveis pelo estudo, embora os casos de suicídio tenham sido a causas de mortalidade violenta que mais cresceu na década, para a população total quanto para a jovem, com alta de 17%, ainda está evidente evidente que o nível de suicídios do Brasil, em termos internacionais, pode ser considerado relativamente baixo.
A taxa total de 4,9 suicídios em 100 mil habitantes, ocupa a posição 73 entre os 100 países pesquisados. Entre nos jovens, uma taxa bem próxima – 5,1 suicídios para cada 100 mil jovens – levam o Brasil a uma posição intermediária 60ª. Isso aponta que no Brasil, acontece o contrário do que no resto do mundo, já que, aqui, os suicídios juvenis são mais freqüentes do que o de adultos.
Voltado a realidade de Mato Grosso do Sul, em relação a Campo Grande, o estudo apontou que, quanto à população em geral, passou de 13º para 18º no ranking de casos de suicídio, entre 1998 e 2008. A taxa de casos a cada cem mil habitantes cau de 5,1 para 4,7.
Na população jovem, porém, houve um aumento desse índice, de 3,9 casos a cada cem mil habitantes para 5,8, o que fez com que Campo Grande passasse da posição 20 para 17 no ranking nacional de suicídios de jovens entre 14 e 24 anos.
 

Fonte:
24/2/2011, 23:07

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

CEAI/OAB/MS participa de reunião como TRT

Dia 10 de fevereiro (quinta), às 09:00 a CEAI/OAB/MS se reuniu com o vice-presidente do TRT, desembargador Dr Francisco das Chagas Lima Filho para tratar da cartilha trabalhista que será traduzida para os idiomas Guarani e Terena, do debate que o TRT realiza em Dourados sobre a questão, e também para convidá-lo a participar como palestrante da II Semana do Índio da CEAI/OAB/MS que se realizará entre os dias 26 e 28 de abril de 2011, cujo convite foi aceito.
Da CEAI/OAB/MS estiveram presentes: Samia Roges Jordy Barbieiri, presidente, Wilson Capistrano, vice-presidente e Arlete Povh, colaboradora.








Fonte e fotos: Acervo da CEAI/OAB/MS, por Arlete Povh

CEAI/OAB/MS participa de reunião com vereador

A CEAI/OAB/MS participou dia 21 de fevereiro (segunda), às 16:30, de reunião no gabinete do vereador Athayde Nery, PPS, juntamente com o Conselho Municipal Indígena (CMDDI), Funasa e Funai, para tratar da saúde e educação indígena, entre outros. Estiveram presentes Elcio da Silva Julio, presidente do CMDDI, Samia Roges Jordy Barbieri, presidente da CEAI/OAB/MS, Edson Fagundes, coordenador da Funai, Teixeira, Funasa e Arlete Povh, CEAI/OAB/MS.






Fonte e fotos: Acervo da CEAI/OAB/MS, por Arlete Povh

CEAI/OAB/MS se reunie com grupo teatral imaginário Maracangalha

CEAI/OAB/MS se reuniu dia 16 de fevereiro (quarta), às 09:00 da manhã, na sede da OAB/MS para organizar os detalhes com o grupo teatral imaginário Maracangalha que fará apresentação na II Semana do Índio, em abril de 2011. Estiveram presentes Fernando Cruz, diretor do teatro Maracangalha, Wildes Ferreira, Funasa, Samia Barbieri, Adriana Rocha, Arlete Povh, CEAI/OAB/MS, bem como o Dr Leonardo Avelino Duarte, presidente da OAB/MS.


Wildes Ferreira, Funasa, Samia Barbieri, Arlete Povh,
Adriana Rocha, CEAI/OAB/MS, Fernando Cruz, Maracangalha


Fonte e fotos: Acervo da CEAI/OAB/MS, por Arlete Povh

Acusados de matar cacique Veron são julgados em São Paulo

Assista o vídeo do Jornal Nacional sobre o julgamento:


http://g1.globo.com/videos/jornal-nacional/v/acusados-de-matar-cacique-veron-sao-julgados-em-saopaulo/1441959/

Caso Verón: juíza ouve testemunha chave da defesa nesta quinta-feira

Ramão Aparecido Cristaldo será ouvido na vara Federal do júri em São Paulo nesta manhã de quinta-feira (24). Ele é considerado pela defesa a principal testemunha no caso da morte do cacique Marcos Veron, ocorrido em 13 de janeiro de 2003, supostamente na Fazenda Brasília do Sul, município de Juti (MS).
Ramão era administrador da fazenda Brasília do Sul, e em uma das invasões realizadas pelos indígenas, ocorrida em 2001, foi sequestrado e amarrado com a cabeça para baixo. Os índios teriam realizados várias agressões contra Ramão.
Na invasão em questão, os indígenas ainda teriam expulso todos os empregados da fazenda e seus familiares, se apossando do local, de onde só saíram 1 ano depois, por ordem judicial de Odilon de Oliveira.
Além de Ramão, serão ouvidos os 3 réus e 1 testemunha de defesa. Ramão Cristaldo é considerado testemunha da juíza.
A acusação afirma que o cacique foi morto a pauladas dentro da fazenda Brasília do Sul, fato contestado pela defesa. Josephino Ujacow, que defende os acusados disse que “o MPF tem sustentado em notas à imprensa que os réus mataram o cacique Marcos Veron a pauladas na fazenda Brasília do Sul. Nada mais inverídico. O cacique recebeu pancadas na cabeça, em sua aldeia, no Porto Cambira, horas após a expulsão dos índios da fazenda Brasília do Sul”.
Afirmou ainda o advogado que “O cacique se envolveu em um entrevero com seus próprios filhos e familiares, que pretendiam retornar à fazenda Brasília do Sul, havendo agressões recíprocas, tendo o índio Laucidio Barrios Flores desferido uma pancada na cabeça do cacique, prostando-o ao solo, utilizando-se para tanto de um banco de pau. A pancada letal foi desferida na aldeia e não no território da Fazenda Brasilia do Sul, já que o cacique saiu andando e caminhando o que seria impossível se tivesse sofrido traumatismo craniano. Isso consta do processo”.
Segundo o advogado, o “MPF prefere se alicerçar na versão dos indígenas, que, ressentidos e magoados com a expulsão das terras de propriedade do Sr Jacintho,não hesitaram de mentir e falsear com o claro intuito de incriminar os acusados”.
O julgamento teve início em 3 de maio de 2010, mas acabou não sendo concluído, portanto foi adiado.


Fonte:
24/02/2011 10:25

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Julgamento do Caso Veron é destaque na mídia

Jornal Nacional, da TV Globo, destacou o desaforamento e a longa batalha jurídica que os procuradores do caso terão pela frente
O início do júri dos acusados pelo assassinato do cacique Guarani-Kaiowa, Marcos Veron, que começou ontem (21) em São Paulo, teve grande repercussão na mídia nacional. Emissoras de televisão destacaram a importância do julgamento considerado histórico.
Marcos Veron foi assassinado em janeiro de 2003, quando ele e outros indígenas estavam acampados em uma Fazenda na região sul do estado, na área reivindicada por eles.
Os índios sofreram ataques de um grupo de aproximadamente quarenta homens armados. Houve sequestro e tortura. Marcos Veron, tinha 73 anos. Foi espancado e morreu por traumatismo craniano. O MPF denunciou quatro funcionários da fazenda pelo crime. Três estão sendo julgados e um está foragido. Em outubro de 2008, outras 24 pessoas foram denunciadas por envolvimento com o crime.

Clique nos links abaixo para assistir as matérias.

Jornal Nacional – TV Globo

Bom dia MS – TV Morena

Repórter Brasil – TV Brasil


Repercussão em sites e jornais
O julgamento dos assassinos do cacique Marcos Veron repercutiu amplamente na mídia nacional e internacional. Confira aqui.


Fonte:
por Marcelo Christovão — última modificação 22/02/2011 18:01

Assessoria de Comunicação Social
Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul
(67) 3312 7265/ 3312 7283 / 9297 1903

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Indígenas afirmam terem sofrido discriminação em aeroporto de Dourados

Familiares de Marcos Veron contam que chegaram atrasados para o julgamento do caso devido a preconceito


Familiares de Marcos Veron perderam o voo para o julgamento do caso em São Paulo e não puderam participar do primeiro dia de julgamento. (Foto: João Garrigó)
Os familiares do líder indígena Marcos Veron irão protocolar denúncia no MPE (Ministério Público Estadual) de Dourados por terem sido vítimas de discriminação no aeroporto do município, na manhã de hoje (21).
Os indígenas da etnia Guarani-Kaiowá alegam que perderam o voo para São Paulo devido ao “descaso e preconceito” de um funcionário do aeroporto de Dourados.
“Não sei se foi medo ou preconceito da gente, mas o homem quando nos viu nem quis falar. Nós nos sentimos discriminados”, conta o filho de Marcos e atual cacique da aldeia, Ladio Veron, 45 anos.
O grupo iria embarcar às 5h para Campo Grande, de onde pegariam outro vôo para São Paulo. Mas o plano de voo teve de ser mudado porque eles não conseguiram embarcar em Dourados. No local, os funcionários alegaram que o grupo havia chegado atrasado.
“Nós chegamos às 4h30 e ele simplesmente falou que não ia dar tempo de fazer os procedimentos do embarque e ponto. Tentamos explicar a situação, mas ele não quis mais falar. Tivemos imprevistos para chegar até o aeroporto da aldeia e por isso não conseguimos cumprir a 1h de antecedência que é sugerida”, detalha um funcionário da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) que acompanhou o grupo.
Eles seguiam para participar do julgamento dos acusados pela morte do líder indígena. Dentre os integrantes, seis são testemunhas e também vítimas do massacre
O julgamento estava marcado para às 10h e os indígenas não conseguiram chegar a tempo.
Em Campo Grande, o grupo teve de aguardar no saguão do aeroporto o próximo vôo com destino a capital paulista, remarcado para às 18h desta segunda-feira.
“Estávamos todos de cocar e com os nossos vestimentos, mas tiramos depois do que aconteceu em Dourados. Ficamos com medo que o mesmo acontecesse no aeroporto aqui de Campo Grande”, disse Ladio.
Ele ainda esclarece que a atitude de protocolar a denúncia no MPE tem o objetivo de evitar que “outras situações iguais se repitam”.
Os indígenas já elaboraram um documento com a assinatura de todos os integrantes do grupo que foram vítimas da discriminação e irão protocolar junto ao MPE quando retornarem de São Paulo.
Familiares esperam que seja feita a justiça no julgamento dos assassinos do líder indígena. (Foto: João Garrigó)

Julgamento – Mesmo sem a presença das vítimas, a justiça decidiu manter o julgamento dos acusados. Nesta segunda-feira foi realizado o sorteio dos jurados – seis homens e uma mulher – e feita à leitura das partes processuais.
Os depoimentos dos seis indígenas vítimas no caso estão previstos para começarem às 9h de amanhã (22), segundo informações dos próprios Guarani.
“Estamos confiantes na justiça. As 46 aldeias de Mato Grosso do Sul que são da etnia Guarani-Kaiowá estão ansiosas pelo resultado do julgamento”, diz o filho de Marcos Veron.
O grupo também espera que a justiça seja feita com os outros casos de assassinatos de lideranças indígenas no Estado.
“Foram 16 lideranças mortas. Esperamos a punição de todos esses assassinos, não só os do meu pai. E todos os crimes aconteceram pelo mesmo motivo: fazendeiros que queriam a nossa terra”, esclarece Ladio.
Mesmo tendo sido negado o direito de prestar os depoimentos na língua da etnia Guarani-Kaiowá, os indígenas estão confiantes e seguem para São Paulo com um intérprete.
“Quase todos falam bem o português. Vou ajudar mais nos depoimentos das mulheres e na tradução de termos jurídicos”, explica o pesquisador em antropologia social, também pertencente a etnia Guarani-Kaiowá, Tonico Benites.
De acordo com a assessoria de imprensa da justiça federal, o julgamento deve ser longo, com duração de oito a 15 dias.
A pedido do MPF (Ministério Público Federal) o julgamento foi transferido de Dourados para a capital paulista. Os motivos foram o poder econômico e a influência social do proprietário da fazenda, que teria negociado com dois índios a mudança de seus depoimentos.
Três seguranças serão julgados pela autoria do assassinato de Marcos Veron, sendo Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde. Um quarto acusado está foragido.
Os réus são acusados de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e meio cruel, tortura, seis tentativas qualificadas de homicídio, seis crimes de sequestro, fraude processual e formação de quadrilha.
Outras 24 pessoas foram denunciadas por envolvimento no crime. A acusação vai pedir pena máxima, o que pode resultar em mais de 30 anos de prisão.

Massacre – “Parece que foi ontem que tudo aconteceu”. Essa foi a frase dita por todos os integrantes do grupo a reportagem do Campo Grande News, quando questionados sobre o massacre do dia 13 de janeiro de 2003.
A luta dos Gurani-Kaiowá pela retomada de suas terras vem desde 1928, segundo as lembranças dos indígenas. As mais de 78 famílias que hoje vivem na aldeia Taquara e seus antepassados foram vítimas de diversos “atentados” por disputas de terras.
Sobre a noite do dia 13, as lembranças da família Veron são tristes e ainda vivas. Mas muitos familiares não querem falar sobre o assunto e outros evitam relembrar os momentos de violência vividos.
“É difícil pra gente falar, foi muita tristeza. Chegaram atirando em todos, crianças, velhos. E eu e mais seis pessoas, dentre elas meu pai, fomos torturados e quase todos mortos. Amanhã vamos ter que contar tudo e lembrar da tristeza diante do juiz”, conta Ladio.
O jovem Reginaldo Cabreira Veron, 22 anos, ainda sofre com as dores provocadas por uma bala alojada em sua perna. Na época do massacre ele tinha apenas 14 anos.
“Eu era um atleta, disputava corridas, eles acabaram com a minha vida. Vivo sentindo dor e não posso mais trabalhar e fazer as coisas que gosto”, desabafa.
Ele estava levando comida para a aldeia, junto com o tio e a avó – esposa de Marcos Veron – quando o veículo foi ”fechado” pelos autores, que dispararam diversos tiros.
Um dos filhos do líder indígena, Araldo Veron, 38 anos, busca forças nas lembranças que guarda do pai para superar a perda.
“Ele era um bom pai, sempre ensinando a gente. Eu sinto o espírito dele aqui entre nós, sei que ele está conosco. E é isso que força para a gente seguir”, diz emocionado.


Fonte:
21/02/2011 20h09 - Atualizado em 21/02/2011 20h09

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

MPF espera repercussão internacional de julgamento dos acusados de matar cacique guarani

São Paulo – O Ministério Público Federal (MPF) espera que o julgamento dos três acusados de matar o cacique Marcos Veron previsto para amanhã (21), na capital paulista, tenha repercussão internacional. “O Marcos Veron era uma liderança internacionalmente reconhecida dos índios Guarani-Kaiowá” disse em entrevista á Agência Brasil o procurador Luiz Carlos Gonçalves, um dos quatro membros do órgão que atuará no juri. Ele lembrou que o caso chegou a ser citado em um relatório da Anistia Internacional.
Para Gonçalves, o julgamento é “talvez o mais importante” na afirmação dos direitos dos índios. “Especialmente dos direitos dos índios à terra, à vida tradicional, ao respeito aos seus valores”. O juri foi suspenso em maio do ano passado após o procurador responsável, Vladimir Aras, se retirar do tribunal. Foi uma forma de protestar contra a recusa da juíza federal Paula Mantovani Avelino em permitir que as testemunhas indígenas fossem ouvidas por meio de tradutor.
Apesar de continuar com o entendimento de que “os índios têm direito a falar no seu idioma”, segundo Gonçalves, o MPF deverá, dessa vez, acatar o que for decidido pela juíza. “A gente confia muito na prudência da doutora Paula Montovani”. Após o acontecimento, Vladimir Aras deixou o caso.
O advogado que defende os réus, Josefino Ujacow, classificou como “deselegância” o fato do procurador Aras ter abandonado o tribunal. Para ele, não existe motivo para o uso de tradutor. “Durante a fase processual, essas mesmas pessoas foram ouvidas sem assistência de interpretes. E eles declararam que sabiam ler e escrever”, afirmou.
Ujacow também fez questão de protestar pela transferência do julgamento de Mato Grosso do Sul (MS) para São Paulo. “Não existe essa propalada influência dos donos da fazenda sobre todos os jurados de Mato Grosso do Sul”.
O tribunal do juri foi transferido de Dourados (MS) para a capital paulista atendendo a um pedido do Ministério Público. De acordo com o órgão, o dono da fazenda onde ocorreram os fatos tem grande poder econômico e poderia influenciar jurados e testemunhas. Além disso, o MPF afirma que existe em Mato Grosso do Sul um preconceito contra os indígenas .
O crime ocorreu em janeiro de 2003, no município de Juti, em Mato Grosso do Sul. Segundo o MPF, a morte do cacique Veron foi consequência de uma série de ataques ao longo de dois dias contra os índios que estavam acampados na Faazenda Brasília do Sul, reivindicada como Terra Indígena Takuara. Os ataques teriam sido feitos por seguranças da fazenda para remover os índios do local. São acusados pelo homicídio: Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde.
O advogado demonstrou confiança na absolvição dos réus. “Não há provas concretas nem cabais contra os réus que serão julgados. A acusação se alicerça em ilações e meras conjecturas”, disse.
O procurador Gonçalves acredita que o resultado mostrará que para a sociedade brasileira e o resto do mundo que o país não tolera a impunidade. “O que a gente quer mostra é que o Brasil não pode mais ser a terra da impunidade. O Brasil tem que ser a terra dos direitos”, afirmou.


Fonte: Agência Brasil, por Daniel Mello
21/02/2011

MP quer pena máxima para matador de índio

O Ministério Público Federal vai pedir pena máxima para os acusados do assassinato do líder indígena guarani-kaiowa Marcos Veron. ´´O Ministério Público vai com toda a sua força (contra os réus) porque matar alguém a coronhadas é muito grave, especialmente quando a vítima tem 72 anos de idade e está indefesa e quando os acusados não respeitam nem crianças e nem mulheres grávidas´´, assevera o procurador regional da República em São Paulo, Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, que vai fazer a acusação perante júri popular.
O julgamento terá início hoje, às 11 horas, e deve se prolongar até a próxima semana, sob a presidência da juíza Paula Mantovani, da 1.ª Vara Criminal Federal. O crime ocorreu em janeiro de 2003 no município de Juti, região de Dourados, Mato Grosso do Sul. O júri foi transferido para a Justiça Federal em São Paulo para evitar pressões de fazendeiros que não toleram a ação das comunidades indígenas.
Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde são os réus. Eles trabalhavam na fazenda Brasília do Sul, reivindicada pelos índios. A procuradoria os acusa de tentativa de homicídio qualificado, por seis vezes, e homicídio qualificado - motivo torpe e meio cruel. Também foram denunciados por tortura, sequestro e formação de quadrilha.
´´Vamos pedir a pena máxima em razão da crueldade do crime, o que significa mais de 30 anos de prisão´´, disse o procurador, há 15 anos na carreira. Gonçalves também foi procurador regional eleitoral. Atuará com ele o procurador da República Marco Delfino de Almeida. Em julgamento, na sua avaliação, não estão apenas três réus. ´´O resultado do julgamento poderá ter reflexo em toda a causa indígena e em toda a causa dos direitos humanos´´, argumenta Gonçalves.



Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO
Fausto Macedo
21/02/2011

21 de Fevereiro, Dia Internacional da Língua Materna

A globalização é um inimigo potencial das culturas, mas pode-se reverter seu efeito negativo e aproveitar sua potencialidade em favor das línguas indígenas. Eis porque indígenas e especialistas participaram da celebração do “Día Internacional de la Lengua Materna”, ocorrido no Club de Periodistas de México. Na oportunidas os debatedores manifestaram suas considerações e nálises numa perspectiva de se garantir uma política indígena e/ou indigenista fundamentada na diversidade cultural e na alteridade dos povos centrada no efetivo direito das línguas maternas como valor de identidade nacional.
Os Deputados Federais Indígenas Mexicanos, Héctor Pedraza, Sabino Bautista, e Marcos Matías, a Promotora Cultural, Susana Harp e o Prof. José del Val Blanco, Diretor do Programa Universitario “México Nación Multicultural” da Universidade Nacional Autônoma do México - UNAM, ressaltaram que é preciso aproveitar a diversidade lingüística para empoderar os Povos Indígenas.
O Deputado Héctor Pedraza, organizador do Encontro, manifestou sua preocupação diante do risco em que se encontra 33 línguas indígenas no México e outros 21 idiomas maternos que estão em situação crítica.
Susana Harp, Promotora Cultural apontou a importancia do uso das novas tecnologías de informação e comunicação para a proteção lingüística. Ela considerou que a negação no uso da língua materna ocorreu diante do alto grau de racismo e discriminação contra os Povos Indígenas.
Já o Professor José del Val, culpou o Estado pelo risco e deterioração das línguas indígenas devido a ausência de uma sensibilidade ao reconhecimento e apoio em que se encontram, resultando um descompromisso com as sociedades originárias e um ato de abono ao etnocídio.
O objetivo é construir um México multicultural onde as línguas indígenas não sejam discriminadas mas que se dê a elas o valor que possuem para o desenvolvimento do País e dos Povos Indígenas.
O mais importante, apontaram os painelistas, durante a celebração do dia 21 de Fevereiro como “Dia Internacional da Língua Materna”, é reconhecer que as Línguas Indígenas são parte do patrimônio intangivel da humanidade.
Pedraza Olguín, outro painelista destacou a importancia dos escritores indígenas. “O despertar dos intelectuais indígenas e da escritura das suas lenguas é um dos eixos de maior relevância para o País”, destacou o legislador indígena. Com isso está sendo construido “uma nova etapa na literatura mexicana, resultando uma geração de escritores indígenas que usando sua inteligencia possibilitam hoje, aproximar o México de um rosto todavía, desconhecido”.
O também Secretário da Comissão de Assuntos Indígenas da Câmara dos Deputados, manifestou que: “O Idioma reflete a maneira de pensar de uma Pessoa, de um Povo, seus processos mentais, sua organização social, sua cosmovisão. Quando o último falante de um Idioma morre, está morto também um acúmulo de idéias, histórias do grupo social e sua comunidade”.
Ao final, todos os painelistas opinaram em comum, que a essência de uma cultura é a língua, e quando ela se perde, perde-se a riqueza da cosmovisão de todo um Povo.
Resgatar as línguas Indígenas é um Ato de Justiça, concluiram.
"No Brasil, espera-se que a data não passe esquecida e que tanto o movimento indígena como os agentes públicos se mobilizem para discutir e refletir, garantindo o reconhecimento desse bem como patrimonio cultural brasileiro. Para esse fim, as Agências de Pesquisa e as Universidades podem contribuir efetivamente inserindo os pesquisadores indígenas em seus projetos de estudos visando à autonomia de suas organizações e o cumprimento de uma política pública relativa ao etnodesenvolvimento desses povos. Marcos Terena - Escritor y Maestro de la Catedra Indigena"


Fonte:
M. MARCOS TERENA

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Vereador ressalta importância do Conselho Municipal Indígena

O vereador Athayde Nery (PPS) destacou na sessão de hoje (17) da Câmara Municipal de Campo Grande a importância do Conselho Municipal Indígena, que completa seis anos em 2011 e comemora inúmeras conquistas. “Levamos 10 anos para aprovar esse conselho e esse foi o meu único pedido ao prefeito Nelson Trad Filho quando fui o seu líder”, declarou o legislador pepessista.
Para Athayde, a maior vitória da organização é a inclusão institucional, a inclusão cidadã, ou seja, o conselho deu autonomia aos povos indígenas, para que os mesmos decidissem as suas prioridades. “Essa é uma inclusão que não se esvai no final do mês como o sacolão, mas garante que eles possam lutar e compreender os seus direitos”, enfatizou.
Com a criação do Conselho, a população indígena urbanizada conseguiu encaminhar a criação de duas novas aldeias em Campo Grande, a Tarsila do Amaral e a Darci Ribeiro, além de ter realizado os Jogos Indígenas Urbanos e ter inúmeras conquistas nas áreas de educação, emprego. “Hoje somos referência internacional na América Latina, nas organizações de Defesa dos Direitos Humanos, graças a uma singela iniciativa que consolidou a política de inclusão da comunidade indígena em nossa capital”.
 
 
Fonte: MS NOTÍCIAS ONLINE
18/02/2011

DNA de negros e pardos do Brasil é muito europeu enquanto índios mal ultrapassa os 10% na região Norte do Brasil

DNA DE NEGROS E PARDOS DO BRASIL É MUITO EUROPEU
Estudo diz que cerca de 70% da herança genética nacional vem da Europa .

Variação de região para região do país é baixa; cor da pele tem elo com poucos genes e, por isso, é parâmetro enganoso.
No Brasil, faz cada vez menos sentido considerar que brancos têm origem europeia e negros são ´´africanos´´. Segundo um novo estudo, mesmo quem se diz ´´preto´´ ou ´´pardo´´ nos censos nacionais traz forte contribuição da Europa em seu DNA.
O trabalho, coordenado por Sérgio Danilo Pena, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), indica ainda que, apesar das diferenças regionais, a ancestralidade dos brasileiros acaba sendo relativamente uniforme.  ´´A grande mensagem do trabalho é que [geneticamente] o Brasil é bem mais homogêneo do que se esperava´´, disse Pena à Folha.
De Belém (PA) a Porto Alegre, a ascendência europeia nunca é inferior, em média, a 60%, nem ultrapassa os 80%. Há doses mais ou menos generosas de sangue africano, enquanto a menor contribuição é a indígena, só ultrapassando os 10% na região Norte do Brasil.


QUASE MIL

Além de moradores das capitais paraense e gaúcha, foram estudadas também populações de Ilhéus (BA) e Fortaleza (compondo a amostra nordestina), Rio de Janeiro (correspondendo ao Sudeste) e Joinville (segunda amostra da região Sul).
Ao todo, foram 934 pessoas. A comparação completa entre brancos, pardos e pretos (categorias de autoidentificação consagradas nos censos do IBGE) só não foi possível no Ceará, onde não havia pretos na amostra, e em Santa Catarina, onde só havia pretos, frequentadores de um centro comunitário ligado ao movimento negro.
Para analisar o genoma, os geneticistas se valeram de um conjunto de 40 variantes de DNA, os chamados indels (sigla de ´´inserção e deleção´´). São exatamente o que o nome sugere: pequenos trechos de ´´letras´´ químicas do genoma que às vezes sobram ou faltam no DNA.
Cada região do planeta tem seu próprio conjunto de indels na população -alguns são típicos da África, outros da Europa. Dependendo da combinação deles no genoma de um indivíduo, é possível estimar a proporção de seus ancestrais que vieram de cada continente.
Do ponto de vista histórico, o trabalho deixa claro que a chamada política do branqueamento -defendida por estadistas e intelectuais nos séculos 19 e 20, com forte conteúdo racista- acabou dando certo, diz Pena.
Segundo os pesquisadores, a combinação entre imigração europeia desde o século 16 e casamento de homens brancos com mulheres índias e negras gerou uma população na qual a aparência física tem pouco a ver com os ancestrais da pessoa.
Isso porque os genes da cor da pele e dos cabelos, por exemplo, são muito poucos, parte desprezível da herança genética, embora seu efeito seja muito visível. O trabalho está na revista ´´PLoS One´´.

Fonte: Folha de São Paulo
18/02/2011
Editoria: CIÊNCIA
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA

MPF/MS: Julgamento histórico de morte de indígena acontece dia 21 em São Paulo

É a primeira vez que acusados pela morte de um indígena em Mato Grosso do Sul vão para o banco dos réus. Transferência de local do júri é rara no país.

O julgamento dos três acusados pelo assassinato do cacique guarani-kaiowá Marcos Veron, ocorrido em janeiro de 2003 em Juti, no interior de Mato Grosso do Sul, acontece na próxima segunda (21), em São Paulo. A pedido do Ministério Público Federal (MPF), o Tribunal do Júri foi transferido de MS para SP para garantir a imparcialidade dos jurados e evitar que a decisão sofra influência social e econômica dos envolvidos no crime.
Pelo MPF, participam do julgamento, no Fórum Jarbas Nobre, na capital paulista, os procuradores da República Marco Antônio Delfino de Almeida, de Dourados, Rodrigo de Grandis e Marta Pinheiro de Oliveira Sena, de São Paulo, além do procurador regional da República Luiz Carlos dos Santos Gonçalves.
O julgamento é considerado histórico pois é a primeira vez que acusados pela morte de um indígena em Mato Grosso do Sul vão para o banco dos réus. Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde são acusados de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e meio cruel, tortura, seis tentativas qualificadas de homicídio, seis crimes de sequestro, fraude processual e formação de quadrilha. Outras 24 pessoas foram denunciadas por envolvimento no crime.
O júri foi suspenso em maio do ano passado, depois que o MPF abandonou o plenário, em protesto contra a decisão da juíza Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Federal (SP), que iria designar intérprete apenas para os índios que não falam português. Para o MPF, o fato de um indígena compreender o que é perguntado não significa domínio completo do idioma e do universo simbólico que ele representa. Além disso, a ordem para que os índios falem apenas Português, sem auxílio de intérprete, viola convenções internacionais e a Constituição Federal.


Entenda o caso

Acampados na Fazenda Brasília do Sul, em Juti, região sul do estado, na área reivindicada por eles como Tekohá Takuara, os kaiowá sofreram ataques nos dias 12 e 13 de janeiro de 2003, de um grupo de trinta a quarenta homens armados que foram contratados para agredi-los e expulsá-los daquelas terras.
No dia 12, um veículo dos indígenas com 2 mulheres, um rapaz de 14 anos e 3 crianças de 6, 7 e 11 anos foi perseguido por 8 km, sob tiros.
Na madrugada do dia 13, os agressores atacaram o acampamento a tiros. Sete índios foram sequestrados, amarrados na carroceria de uma camionete e levados para local distante da fazenda, onde passaram por sessão de tortura. Um dos filhos de Veron, Ládio, quase foi queimado vivo. A filha dele, Geisabel, grávida de sete meses, foi arrastada pelos cabelos e espancada. Marcos Veron, à época com 73 anos, foi agredido com socos, pontapés e coronhadas de espingarda na cabeça. Ele morreu por traumatismo craniano.


Transferência do júri

Entre os motivos levantados pelo MPF para pedir a transferência do Tribunal do Júri de Dourados (MS) para a capital paulista estão o poder econômico e a influência social do proprietário da fazenda, Jacinto Honório da Silva Filho. Ele teria negociado com dois índios a mudança de seus depoimentos. Eles assinaram um documento em 2004 mudando a versão que deram ao crime, no dia seguinte ao assassinato, inocentando os seguranças contratados pelo fazendeiro. O fazendeiro teria tentado, inclusive, comprar o depoimento do filho do cacique assassinado, oferecendo-lhe bens materiais em troca da assinatura de um termo de depoimento já redigido.
O MPF citou as manifestações de juiz estadual contra os indígenas e contra o procurador da República do caso. Manifestações na Assembléia Legislativa sul-mato-grossense, condenando os acampamentos indígenas e relativizando a morte das lideranças, bem como opiniões desfavoráveis aos índios em diversos jornais do estado também foram juntadas ao processo, para mostrar que um júri federal realizado em qualquer subseção judiciária do estado teria viés contrário aos índios.
Este foi o terceiro caso de desaforamento interestadual do Brasil. Os dois primeiros ocorreram no julgamento do ex-deputado federal Hildebrando Pascoal. Dois de seus júris federais foram transferidos de Rio Branco (AC) para Brasília.


Fonte:
por Marcelo Christovão — última modificação 16/02/2011 16:29



Referência processual na Justiça Federal de São Paulo -
nº 2003.60.02.000374-2.
Assessoria de Comunicação Social
Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul
(67) 3312 7265/ 3312 7283 / 9297 1903

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Inscrições abertas para candidatos indígenas aos cursos de graduação da Universidade de Brasília

A Fundação Nacional do Índio e a Fundação Universidade de Brasília (FUB) lançaram, nesta quarta-feira (09), o Comunicado de Abertura de processo destinado a selecionar candidatos indígenas para provimento de dez vagas nos cursos de graduação em Agronomia, Engenharia Florestal, Ciências Sociais, Nutrição, Enfermagem e Obstetrícia e Medicina. Estão aptos a participar do certame os candidatos indígenas que tenham cursado (ou estejam cursando) todo o ensino médio em escolas da rede pública ou na condição de bolsistas integrais na rede particular.
A indicação dos estudantes indígenas para concorrerem às vagas ofertadas pela UnB deverá ser feita pela comunidade, associação ou organização indígena, que formalize tal indicação em ata de reunião, contendo a assinatura de pelo menos duas lideranças e de todos os demais presentes a reunião. As provas serão realizadas nos seguintes pólos regionais: Barra do Garças/MT, Boa Vista/RR, Cruzeiro do Sul/AC, Porto Velho/RO e Tabatinga/AM.
As inscrições estarão abertas durante o período de 09 de fevereiro a 29 de abril de 2011. Os candidatos podem se inscrever por formulário próprio, em http://www.cespe.unb.br/vestibular/conveniofunai_unb2011/, onde poderão encontrar também a íntegra do texto do Comunicado e as demais informações necessárias.


10 de fevereiro

CNJ discutirá conflitos de terras indígenas

O Fórum de Assuntos Fundiários do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai criar um programa específico para tratar das questões relacionadas com terras indígenas. “É uma área de muito conflito”, explicou o coordenador do Fórum, Marcelo Berthe, juiz auxiliar da Presidência do CNJ. Com essa iniciativa, o Fórum quer identificar ações concretas para reduzir os conflitos fundiários com as diversas etnias indígenas.
O programa será lançado em maio, em Dourados (MS), quando será realizado um seminário com a participação de líderes indígenas e representantes do Judiciário, do Ministério Público e do Executivo. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (14/02) pelo Comitê Executivo do Fórum de Assuntos Fundiários. O CNJ vai fazer um levantamento das ações judiciais envolvendo terras indígenas, dos decretos de demarcação de terras e buscar a pacificação.
Segundo os magistrados, há divergência de interpretação da legislação sobre indenização aos proprietários por terras desapropriadas. Como a Constituição estabelece que as terras ocupadas pelos índios são de propriedade da União, alguns magistrados entendem que só cabe indenização pelas benfeitorias. Outros mandam pagar a indenização pela terra nua, entendimento que prevalece na Justiça do Rio Grande do Sul.
Segundo Kátia Parente, juíza corregedora do Tribunal de Justiça do Pará, outro problema é que a própria Fundação Nacional do Índio (Funai) não tem condição de cadastrar todos os índios. Além disso, os cartórios de registro civil resistem a lavrar os registros com base em documentos da Funai.
Além dessas questões, o comitê decidiu também realizar audiências públicas, no mês de abril, em Altamira e Anapu, municípios paraenses conhecidos pela violência relacionada com a posse da terra. Kátia Parente informou que vários grupos disputam a liderança dos sem-terra em Anapu, o que dificulta a solução dos conflitos. Já em Altamira a tensão é por causa da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.
O plano de trabalho, definido pelo Comitê, consolida as metas definidas no II Fórum de Assuntos Fundiários, realizado no ano passado em Belém. “A ação agora tende a ser mais efetiva”, explicou o desembargador Sérgio Fernandes Martins, do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul. A função do fórum, lembra ele, é promover a pacificação na questão fundiária e, com isso, evitar grande número de ações na Justiça.
Participaram ainda da reunião os magistrados Rodrigo Rigamonte, do TRF da Primeira Região, José Henrique Dias, do Tribunal de Justiça do Pernambuco, José Antonio de Paula Santos, juiz auxiliar da Corregedoria Nacional, Antônio Carlos Alves Braga Júnior e José Eduardo Chaves Júnior, juízes auxiliares da Presidência do CNJ.


Fonte: http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13641&Itemid=675
Quarta, 16 de Fevereiro de 2011

Gilson Euzébio
Agência CNJ de Notícias

Governo do Estado investe R$ 11,8 milhões de recursos próprios em 180 mil cestas aos índios

O governo do Estado, no exercício dos próximos quatros, vai dar continuidade à distribuição de cestas básicas para 15 mil famílias indígenas, que residem em 75 aldeias. Este Programa de Segurança Alimentar conta com 100% de recursos do Estado e por mês representa investimento de R$ 987 mil. Por ano, são R$ 11,8 milhões da receita estadual reservados para aquisição de 180 mil cestas.
Este é único programa de Segurança Alimentar Indígena do Brasil mantido integralmente com recurso estadual e o único a fornecer carne entre os itens da cesta básica, composta por 10 tipos de alimentos (arroz, feijão, macarrão, charque, leite em pó, óleo, sal, açúcar, farinha de mandioca e fubá), totalizando 27,3 quilos de alimentos.
Todos os produtos garantem melhor qualidade de vida da população indígena de Mato Grosso do Sul, contribuindo para combater a desnutrição das crianças e a taxa de mortalidade infantil. A distribuição dos alimentos somada à realização de outros programas nas áreas de educação, habitação e agricultura, melhorou a vida nas aldeias, atendendo às necessidades básicas e dando condições de trabalho e subsistência das famílias.
As aldeias beneficiadas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Nioaque, Guia Lopes da Laguna, Bonito, Bodoquena, Miranda, Rochedo, Brasilândia, Sidrolândia, Dois Irmãos do Buriti, Tacuru, Paranhos, Japorã, Sete Quedas, Eldorado, Maracaju, Bela Vista, Antônio João, Ponta Porã, Coronel Sapucaia, Aral Moreira, Amambai, Juti, Laguna Caarapã, Caarapó, Naviraí, Douradina, Corumbá e Dourados.

Combate à miséria

Desde o início de 2007, quando assumiu o Estado, o governador André Puccinelli priorizou recursos estaduais para atender a população indígena, com a realização de diversos projetos e obras. A situação de miséria em várias comunidades era alarmante. A Funai, órgão federal criado com o objetivo de garantir amparo e melhores condições de vida aos índios, não conseguiu atender às expectativas dos índios.
Desta forma, independente do amparo institucional deste órgão, o governador André Puccinelli, ao visitar várias aldeias do Estado, trouxe para si a responsabilidade social, traçando um plano que conseguiu reverter o quadro de abandono que algumas comunidades se encontravam.
Um exemplo disso foi a melhoria das condições de vida nas aldeias de Japorã. “Nunca tinha visto tanta miséria como na aldeia Limão Verde em toda a minha vida´´, afirmou o governador André Puccinelli quando visitou pela primeira vez o município, onde vivem cerca de 4 mil índios. Não havia moradias e as famílias viviam sem as mínimas condições de vida. Hoje, elas recebem alimentação e residem em unidades habitacionais construídas pelo governo do Estado.


Fonte: http://www.portalms.com.br/noticias/detalhe.asp?cod=959604066
17/02/2011

II SEMANA DO INDIO NA OAB/MS

II SEMANA DO INDIO NA OAB/MS
AUDITÓRIO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SEÇÃO DE MS


OS GUARANI DE MS

ABERTURA (26/04/2011 - terça-feira)
Horário:18:30h
Reza Guarani: Nito Nelson e Getúlio
Apresentação Grupo Funk-se com espetáculo :EXCERTO “FRÁGIL – OU O SENTIDO DA RUPTURA” ,inspirado na etnia guarani .
Coreografia e responsável: Prof. Edson Clair
Leitura da Carta Guarani para a presidenta da República Dilma Roussef ( criança guarani)
Discurso da Presidente sobre a II SEMANA DO INDIO NA OAB/MS e a importância da CEAI.
Homenagem ao 1º Presidente da CEAI/OAB/MS
Leitura de algumas notícias veiculadas pelo Blog
Música guarani


DIA 26
Horário: 18:30 h
Palestra: A situação atual dos guarani de MS
A solução dos conflitos e a busca por uma cultura de Paz.
Convidados: Otoniel Ricardo ( indígena guarani, vereador eleito por Caarapó, Cientista Social)
Edna Guarani ( indígena ,Mestre e educadora, filha de Marçal de Souza )
Tonico Benites , Mestre em Antropologia,( indígena kaiowá)
Debatedores: Dr Wilson Matos da Silva ( indígena guarani, advogado , fundador e primeiro presidente da CEAI/OAB/MS)
Dr Marcus Ruiz ( indígena kadiwéu, advogado, fundador e primeiro vice-presidente da CEAI/OAB/MS)


DIA 27
Horário: 18:30h
Palestra: A questão laboral nas usinas de açúcar e de álcool
Samia Roges Jordy Barbieri (Presidente da CEAI/OAB/MS)
Convidados Dr Francisco das Chagas Lima Filho ( Desembargador Federal do 24ª Região)
Drª Deborah Duprat ( Procuradora da República, Coordenadora da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão que trata dos índios e minorias)


DIA 28
Horário:16:00h
Peça de teatro inspirada em Marçal de Souza encenada pelo
Teatro Imaginário Maracangalha: TEKOHA Ritual de Vida e Morte do Deus Pequeno
Direção: Fernando Cruz
Horário:18:30h
Palestra: O futuro pensado pelos próprios indígenas sobre a etnia guarani de MS.
Convidados: Marcos Terena ( indígena terena, articulador, piloto, comunicador, membro da Cátedra Indígena e do Comitê Intertribal, fundador da União Nacional Indígena)
Ailton Krenak ( indígena burum, fundador da ONG Núcleo de Cultura Indígena, fundador do União Nacional Indígena, assessor de Aécio Neves).
Horário: 20:30 h
Mesa redonda com os membros da CEAI e os convidados
Horário: 22:00h
Noite Cultural:
Artesanato, música e comida guarani
ENCERRAMENTO: LEITURA DA CARTA DA II SEMANA DO INDIO NA OAB/MS


Fonte: CEAI/OAB/MS

Caso Veron: julgamento será retomado no dia 21, em São Paulo

Foi designado para o próximo dia 21, às 11horas, na vara Federal do júri de São Paulo o julgamento dos acusados da morte do cacique Marco Veron, ocorrido em 13 de janeiro de 2003, na Fazenda Brasília do Sul, no município de Juti – MS.
O julgamento dos réus Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde, acusados de matar o cacique Marcos Veron, e tentar matar outros seis indígenas, que se iniciou, na capital de São Paulo, no dia 03 de maio de 2010, não foi concluído, porque no segundo dia do julgamento os quatro Procuradores, que atuavam na acusação, abandonaram o plenário do Júri, alegando que estava havendo cerceamento da acusação em virtude de a juíza Paula Mantovani Avelino, que presidia os trabalhos, ter indeferido a nomeação de interprete na oitiva das vitimas e das testemunhas, todas silvícolas.
A juíza indeferiu o pedido escorado na argumentação do advogado Josephino Ujacow, que defende os acusados, no sentido de que os silvícolas, vítimas e testemunhas, quando ouvidos na fase policial e judicial, não necessitaram da presença de intérprete. E alem do mais, ressaltou o advogado, todos eles declararam saber ler e escrever, extraindo-se daí a desnecessidade de intérprete.
Insatisfeitos com a decisão da juíza, os quatro procuradores retiraram-se do plenário, obrigando a juíza a suspender os trabalhos e designar nova data para o julgamento, que foi redesignado para o próximo dia 21, às 11horas.
A juíza Paula Mantovani Avelino, diante do comportamento ilegal e deselegante dos Procuradores da Republica, condenou os mesmos a reembolsar ao erário publico todas as despesas que haviam sido efetuadas (passagens aéreas e urbanas, despesas de hospedagem e alimentação) na preparação da realização do júri.
O julgamento foi desaforado para a capital de São Paulo, em razão do Ministério Publico Federal ter alegado que o proprietário da Fazenda Brasília do Sul, Jacintho Honorio da Silva Filho, possui prestigio político e social não só em Dourados, onde deveria ser realizado o júri, mas também em todo o Estado de Mato Grosso do Sul, podendo influenciar os jurados, fato contestado pela defesa.
Em entrevista exclusiva ao MIDIAMAX, o advogado Ujacow disse que “O MPF tem sustentado em notas à imprensa que os réus mataram o cacique Marcos Veron a pauladas na fazenda Brasília do Sul. Nada mais inverídico. O cacique recebeu pancadas na cabeça, em sua aldeia, no Porto Cambira, horas após a expulsão dos índios da fazenda Brasília do Sul”.
Afirmou ainda o advogado que “O cacique se envolveu em um entrevero com seus próprios filhos e familiares, que pretendiam retornar à fazenda Brasília do Sul, havendo agressões recíprocas, tendo o índio Laucidio Barrios Flores desferido uma pancada na cabeça do cacique, prostando-o ao solo, utilizando-se para tanto de um banco de pau. A pancada letal foi desferida na aldeia e não no território da Fazenda Brasilia do Sul, já que o cacique saiu andando e caminhando o que seria impossível se tivesse sofrido traumatismo craniano. Isso consta do processo”. Ujacow diz que procuradores alardeiam falsidade na imprensa. Concluiu o advogado que “O MPF prefere se alicerçar na versão dos indígenas, que, ressentidos e magoados com a expulsão das terras de propriedade do Sr Jacintho,não hesitaram de mentir e falsear com o claro intuito de incriminar os acusados". 


Fonte:

Após denúncia do Midiamax, governo retoma entrega de cestas em 48 horas, mas indígenas ainda sofrem sem água

Na tarde dessa quarta-feira (16), o Governo do Estado regularizou a entrega de cestas básicas nas aldeias Moreira e Passarinho, em Miranda. Em duas ocasiões, o Midiamax divulgou denúncias dos líderes indígenas do MS, de falta de entrega de cestas e, imediatamente, o governo do estado reativou a distribuição, que é fundamental para garantir a segurança alimentar de milhares de famílias no estado. O primeiro episódio se deu nos meses finais de 2010 e, após a divulgação do fato pelo Midiamax a entrega se normalizou em dezembro. O caso chegou a ter repercussão nos ministérios relacionados à área, em Brasília, e também no Congresso Nacional, onde a ambientalista e advogada Tatiana Ujacow fez pronunciamento no Senado cobrando providências do governo estadual.
Dessa segunda vez, a entrega das cestas foi interrompida em janeiro e fevereiro, e mais uma vez a reportagem do Midiamax voltou ao caso, encontrando repercussão no Ministério Público Federal e na Assembléia Legislativa do MS, na voz do deputado petista Pedro Kemp. Agora, as cestas estão sendo entregues por equipes ligadas à secretaria do Trabalho e Assistência Social. Aliás, no mesmo dia em que retomou a entrega, o governo do estado publicou matéria no site da Setas com o governador Puccinelli segurando uma cesta ao lado de uma índia e da secretária Tânia Garib. O texto afirma que o MS banca sozinho a compra de cestas para os índios, refutando informações em contrário do governo federal.
No entanto, na matéria não há nenhuma informação sobre o que foi feito com os recursos de quatro meses de cestas não distribuídas, nem o motivo da omissão legal, por tratar-se de comunidades protegidas.
Aldeias recebem alimentos, mas padecem com falta de água. Parecem intermináveis os problemas relatados pelas lideranças indígenas em Miranda. Quando chega o alimento eles protestam com a falta de outro item fundamental para a vida e a higiene- a água.
Nas próprias aldeias Passarinho e Moreira é possível encontrar poço sem bomba ou grande caixa d’água e bomba que foram doadas, e instaladas em locais de água contamina. Existem outras bombas de baixa potência ou com fiação de alta voltagem exposta nas proximidades de ruas por onde circulam crianças a caminho da escola. Dessa maneira, as famílias improvisam formas de obter água, com poço manual, baldes e garrafas pet, tudo insuficiente para as necessidades mais elementares. Segundo os caciques, enquanto as famílias sofrem, o dinheiro gasto com equipamentos é desperdiçado.


Fonte:
http://midiamax.com/noticias/741654apos+denuncia+midiamax+governo+retoma+entrega+cestas+48+horas+mas+indigenas+ainda+sofrem+sem+agua.html
16/02/2011 17:58

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Julgamento de acusados de assassinar cacique de MS será no dia 21, em São Paulo

O julgamento dos três acusados de assassinar o cacique guarani-kaiowá Marcos Veron, ocorrido em janeiro de 2003, em Juti, no interior de Mato Grosso do Sul, será na próxima segunda-feira (21), em São Paulo.
A pedido do Ministério Público Federal (MPF), o Tribunal do Júri foi transferido de MS para SP. O pedido foi feito para garantir a imparcialidade dos jurados e evitar que a decisão sofra influência social e econômica dos envolvidos no crime.
O júri foi suspenso em maio do ano passado, depois que o MPF abandonou o plenário, em protesto contra a decisão da juíza Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Federal (SP), que iria designar intérprete apenas para os índios que não falam português. Para o MPF, o fato de um indígena compreender o que é perguntado não significa domínio completo do idioma e do universo simbólico que ele representa. Além disso, a ordem para que os índios falem apenas Português, sem auxílio de intérprete, viola convenções internacionais e a Constituição Federal.


Entenda o caso

Acampados na Fazenda Brasília do Sul, em Juti, região sul do estado, na área reivindicada por eles como Tekohá Takuara, os kaiowá sofreram ataques nos dias 12 e 13 de janeiro de 2003, de um grupo de trinta a quarenta homens armados que supostamente foram contratados para agredi-los e expulsá-los daquelas terras.
No dia 12, um veículo dos indígenas com 2 mulheres, um rapaz de 14 anos e 3 crianças de 6, 7 e 11 anos foi perseguido por 8 km, sob tiros.
Na madrugada do dia 13, os agressores atacaram o acampamento a tiros. Sete índios foram sequestrados, amarrados na carroceria de uma camionete e levados para local distante da fazenda, onde passaram por sessão de tortura. Um dos filhos de Veron, Ládio, quase foi queimado vivo. A filha dele, Geisabel, grávida de sete meses, foi arrastada pelos cabelos e espancada. Marcos Veron, à época com 73 anos, foi agredido com socos, pontapés e coronhadas de espingarda na cabeça. Ele morreu por traumatismo craniano.


Transferência do júri

Entre os motivos levantados pelo MPF para pedir a transferência do Tribunal do Júri de Dourados (MS) para a capital paulista estão o poder econômico e a influência social do proprietário da fazenda, Jacinto Honório da Silva Filho. Ele teria negociado com dois índios a mudança de seus depoimentos. Eles assinaram um documento em 2004 mudando a versão que deram ao crime, no dia seguinte ao assassinato, inocentando os seguranças contratados pelo fazendeiro. O fazendeiro teria tentado, inclusive, comprar o depoimento do filho do cacique assassinado, oferecendo-lhe bens materiais em troca da assinatura de um termo de depoimento já redigido.
O MPF citou as manifestações de juiz estadual contra os indígenas e contra o procurador da República do caso. Manifestações na Assembléia Legislativa sul-mato-grossense, condenando os acampamentos indígenas e relativizando a morte das lideranças, bem como opiniões desfavoráveis aos índios em diversos jornais do estado também foram juntadas ao processo, para mostrar que um júri federal realizado em qualquer subseção judiciária do estado teria viés contrário aos índios.
Este foi o terceiro caso de desaforamento interestadual do Brasil. Os dois primeiros ocorreram no julgamento do ex-deputado federal Hildebrando Pascoal. Dois de seus júris federais foram transferidos de Rio Branco (AC) para Brasília.


Fonte:
 http://midiamax.com/noticias/741594julgamento+acusados+assassinar+cacique+ms+sera+dia+21+sao+paulo.html
16/02/2011 11:09